Wednesday, July 19, 2006

De otorrino para oftalmologista

A carreira, continuando ... Quando chegou a hora de decidir o tema da minha tese de doutorado, mudei de orientação e me tornei astrônoma ótica. Eu estava um pouco desiludida com a radioastronomia brasileira que não conseguia investimentos para melhorar o radiotelescópio de Atibaia, grande amigo meu. Passei muitos meses em Atibaia coletando dados para a minha tese de mestrado e conhecia o radiotelescópio como poucos e sabia as suas limitações. Estava na hora de mudar e depois de um desentendimento com a minha orientadora que se negava a me mandar para os EUA a terminar o meu doutorado, comecei a primeira revolução na minha carreira mudando de área. Foi difícil e até traumático já que eu era especialista em radioastronomia. Seria mais ou menos como se eu fosse otorrinolaringologista e de repente decidisse ser oftalmologista. Meu novo orientador, Ronaldo de Souza, um mineiro muito paciente, começou a me levar para algumas viagens a Itajubá onde ele me ensinou como observar com o telescópio óptico de 1,6m do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)[1]. Fomos juntos a Atibaia também pois tínhamos um projeto que precisava de observações ópticas e de rádio das mesmas galáxias. Ele. que era oftalmologista, agora estava dando uma de otorrino e eu vice-versa. Neste meio tempo fui a uma conferência nos EUA apresentar os resultados da minha tese de mestrado e lá conheci um grupo de astrônomos da Universidade do Alabama que me convidou para estudar lá. Tranquei minha matrícula na USP e fui para os EUA onde passei 3 anos e meio na Universidade do Alabama, em Tuscaloosa. Lá fiz pesquisa, dei aulas e passei por todas as crises que muitos doutorandos passam, inclusive divórcio. Vou parar por aqui, deixo os detalhes da minha vida de estudante para um outro livro, que devo escrever quando já estiver mais velha e puder ver tudo com mais clareza e de uma distância saudável.
[1] O telescópio de 1,6m fica no Observatório do Pico do Dias em Itajubá (veja foto), MG, e entrou em funcionamento em 1981. O observatório possui tamém dois outros telescópios de 60cm, um dos quais foi adquirido da ex-Alemanha Oriental entre os anos 60/70 em troca de café e entrou em operação em 1983.

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