Wednesday, April 25, 2007

Agora aconteceu mesmo!!!

Queridos leitores, a Mulher das Estrelas virou blogueira OFICIAL da revista Superinteressante! Gostaria de convida-los a clicar lah no site da Super,

http://super.abril.com.br/blogs/mulherestrelas/

o blog ainda estah no comeco e os dois ultimos blogs sao parecidos com os dois ultimos daqui, mas isto vai mudar!!! hoje mesmo vou postar sobre a descoberta do planeta tipo Terra recem descoberto....

Passem lah, deixem os recadinhos usuais, podem pedir assunto, reclamar, e ateh elogiar!!!

Este blog aqui vai aos poucos diminuir porque nao vou ter tempo de manter dois. Mas vou seguir postando trechos do livro neste aqui. Lah na Super vai ser mesmo sobre assuntos do dia a dia, e um pouco dos bastidores da Nasa!!!

Monday, April 23, 2007

17 anos de Hubble!!!

Amanhã, terça-feira, dia 24 de abril, o Hubble completa 17 anos de idade! Vai ter velinha, bolo e champanhe lá no instituto do Hubble em Baltimore e eu, claro, não vou perder esta.

Quem diria que ele chegaria a esta idade e continuando a revolucionar a astronomia? Logo no começo quando produzia imagens fora de foco ele foi considerado um dos maiores fiascos da astronomia. O telescópio que tinha custado mais de US$ 1 bilhão estava prestes a virar sucata espacial. Mas a Nasa respirou fundo e decidiu investir e consertar a barberagem que ela mesmo havia causado. Foi tentando economizar nos testes que eles erraram e não detectaram uma falha no espelho que era 1 micron mais plano do que deveria ser.

17 anos depois, ele continua a nos deixar boquiabertos com a beleza do universo. Mas foram mais de US$ 4 bilhões de investimento e atualmente o telescópio funciona precariamente por falta de manutenção. Depois de muito debate e muito lobby no congresso, no ano passado a Nasa decidiu que mandará uma missão do ônibus espacial para substituir alguns dos instrumentos e fazer a manutenção necessária para mante-lo saudavel pelo menos por mais uns 5 anos pela frente. Temos apenas que ser pacientes porque a fila para pegar o ônibus é longa, e torcer para o telescópio continue funcionando mesmo que precariamente.

O Hubble foi inicialmente planejado para operar por 15 anos (até 2005).

Aqui vai a minha foto favorita do Hubble - Nebulosa da Aguia, tambem conhecida com Pilares da Criação:

Saturday, April 21, 2007

Violência em Houston

Oi pessoal, sei que a notícia já se espalhou e muitos estão me perguntando, então deixa eu contar o que sei. Ontem por volta das 13h40, horário de Houston, um engenheiro da Nasa armado se trancou em uma sala no segundo andar do prédio 44 do Jonson Space Center. Com ele estavam outros dois funcionários da Nasa, a secretária sobreviveu, mas o outro engenheiro foi baleado pelo atirador que se matou logo em seguida.

Mas eu só fiquei sabendo disto pelo rádio do meu carro a caminho de Baltimore. Eu trabalho na Nasa/Goddard de Greenbelt (Washington DC) que fica bem longe de Houston. Ufa! o fuso horário daqui é 1 hora mais tarde, então eram 14h40 aqui quando isto aconteceu. Mais ou menos a esta hora eu estava as voltas com um artigo que precisava enviar para minha colaboradora da USP até as 15h15 quando fui assistir a um seminário sobre Plutão no auditório principal do Goddard. Lá no seminário éramos umas 200 pessoas e ninguém mencionou nada, a notícia ainda não tinha chegado a todos. Bem, o seminário terminou por volta das 17h e eu fui direto para casa porque tinha jantar marcado com o Claus Leitherer e a família dele às 18h30. Fomos comemorar o aniversário dele e a minha chegada em Baltimore há 10 anos atrás. Bem, demorei muito no trânsito, mais de uma hora, porque sexta-feira neste horário fica tudo engarrafado. Eu sempre saio por volta das 19h para evitar isto, mas como o Claus tem uma filha de 3 anos, jantar tem que ser cedo. No rádio falaram que um homem armado estava trancado em uma sala do Johnson Space Center mas não deram mais detalhes. Quando cheguei na casa do Claus, que fica bem pertinho da minha, ele contou que CNN já estava dando o resultado da violência no JSC. Que tristeza...

Imagino que a segurança no JSC seja parecida com a do GSFC, mas nunca estive lá. Todos os funcionários do GSFC possuem um crachá com foto para entrar no campus. Todos tem que mostrar o crachá ao segurança nos portões de entrada, mas não tem detetor de metal ou nada parecido, é apenas um portão com vários seguranças. No GSFC tem a polícia K9 com os cães que inspecionam alguns carros selecionados aleatoriamente a procura de bombas/explosivos, mas geralmente acham apenas o lanche do pessoal... Eu gosto muito da Eeba, uma cadela pastor-alemã que às vezes passeia pelo meu carro e nunca acha nada, nem lanche...

Espero que o ocorrido no JSC não signifique segurança mais reforçada ainda nos centros da Nasa... O caso tem que ser visto como um acidente isolado, pode acontecer em qualquer lugar público, como recentemente aconteceu na Virgínia. O problema não é o nível de segurança mas sim a disponibilidade de armas e a instabilidade emocional de muitos.

Estou de saída, vou limpar as ruas da vizinhança. Hoje é dia de limpeza em Baltimore e minha vizinhança coleta os lixos deixados durante o inverno todo pelas ruas...

Thursday, April 19, 2007

Há 10 anos atrás - último capítulo

Pois é, esta semana estive super ocupada, mas vou postar o último capítulo dos 10 anos atrás. Cheguei no dia 23 de abril de 1997 em Baltimore e fiquei até agosto de 1999, quando fui para a Suécia. Muita coisa aconteceu neste período, trabalhei muitíssimo, casei, conheci uns 10 países, escrevi muitos artigos, fui a inúmeras conferências e fiz muito amigos. Mas acho que uma das experiências mais interessantes foi novamente proporcionada pelo Bob Williams. Aqui vai o trecho que escrevi no livro:


No início de 1998 eu fiquei sabendo que o Bob estava planejando tirar uma segunda imagem profunda com o Hubble mas desta vez apontando para o céu do hemisfério sul. Vários astrônomos tinham comentado com ele da necessidade de uma outra imagem profunda que serveria para verificar se a primeira era mesmo típica do universo. Além disto, como muitos dos observatórios mundiais se encontram no hemisfério sul, voltando o Hubble para o sul possibilitaria que os outros observatórios do sul também observassem o mesmo campo. Eu fiquei toda animada com o novo projeto e mandei um email para o Bob perguntando se eu poderia fazer parte do projeto já que eu era uma das poucas pessoas do hemisfério sul no instituto! Foi uma desculpa esfarrapada mas que serviu para abrir a porta. O Bob imediatamente me incluiu no grupo de 30 pessoas que estavam envolvidas no projeto. As observações seriam feitas no fim de setembro e início outubro e teríamos mais ou menos um mês para prepará-las para análise e entregá-las para a comunidade. Foram 30 dias muito intensos. Eu tinha sido escolhida para fazer todas as correções de apontamento nas imagens. Assim que as imagens chegassem nos computadores do STScI, a analista de dados me avisaria e eu teria que implementar a correção de apontamento. Esta correção precisava ser feita porque o Hubble não estava apontando durante todos os dia sem interrupção. Pelo contrário, se fizéssemos isto as imagens ficariam saturadas e cheia de defeitos causados pela detecção de raios cósmicos . Dividimos as observações em intervalos de tempo (aproximadamente 30 minutos) e depois de cada observação re-apontamos o telescópio para a coordenada desejada. Ao fazer o re-apontamento do telescópio, temos que levar em conta os pequenos erros na precisão do apontamento. Como eram tantas as imagens estes pequenos erros poderiam se somar e virar grandes erros. Eu monitorei cada imagem, determinei o erro e implementei as correções juntamente com um outro astrônomo do STScI, Stefano, que era um dos coordenadores da campanha. Fui uma das primeiras pessoas a ver as imagens que chegavam à Terra, uma sensação difícil de descrever. Eu terminei minha contribuição no fim da segunda semana e o resto do time trabalhou 24 horas por dia terminando de preparar as imagens até chegarem na imagem final. Eu aprendi muito nesta aventura e sou grata ao Bob por ter me incluído no time.

Fiquei ainda mais fã do Bob Williams ao ver como ele administrou o projeto. O HDF-S, como é conhecida a imagem profunda do sul, era um projeto ainda mais ambicioso que o primeiro. O Bob arriscou novamente e decidiu apontar todos os instrumentos do Hubble simultaneamente e obter não apenas uma imagem, mas 3 imagens. Um dos instrumentos, o espectrógrafo de imagens STIS , ficou apontado para um quasar, a câmera WFPC2 e a câmera infravermelha NICMOS apontaram para regiões vazias do céu.


A imagem tirada com a WFPC2, que eu fui uma das primeiras a ver!

Mais informação sobre o Hubble Deep Field South: http://www.stsci.edu/ftp/science/hdfsouth/hdfs.html
http://zuserver2.star.ucl.ac.uk/~apod/apod/ap981214.html

Wednesday, April 11, 2007

Há 10 anos atrás, Parte III

Quando encontrei com o Bob Williams no corredor do instituto do Hubble (STScI), ele ficou surpreso, perguntou se era eu mesma e me deu um grande abraço de boas vindas. Depois disto fiquei amiga do Bob, batíamos papos em espanhol, e às vezes íamos a cervejaria favorita dele onde os garçons abriam um grande sorriso ao ver o Dr. Williams. Entre uma cerveja e outra o Bob me contou muitas histórias, uma delas repito sempre pois acho muito importante para os jovens astrônomos saberem que ele não tem emprego permanente e é contra o sistema de contratação efetiva. No auge da carreira dele como professor titular da Universidade do Arizona ele conta que certa vez quando estava com vários amigos em um dos bares de Tucson, um deles filosofou: “o que eles achavam que estariam fazendo 20 anos depois?” O Bob disse que entrou em crise, viu que não poderia imaginar estar exatamente no mesmo lugar fazendo exatamente a mesma coisa nos próximos vinte anos. Logo depois da conversa no bar, ele pediu demissão, ficou desempregado por um tempo, e se mudou para o Chile para ser diretor do Observatório americano de Cerro Tololo onde ficou por 9 anos. Saiu de lá para ser diretor do STScI por 5 anos e novamente pediu demissão pois gostaria de voltar a fazer pesquisa. Hoje ele é apenas mais um astrônomo do STScI com ambições científicas, mas com contrato por tempo determinado.

Saturday, April 7, 2007

Há 10 anos atrás - Parte II

Continuando...

Durante a festa do CNPq, entre uma caipirinha e outra, fui bater mais um papo com o Bob Williams que me perguntou se eu não gostaria de voltar para fazer um pós-doutoramento nos EUA e eu disse para ele que não e fui sincera dando minha opinião sobre a carreira nos EUA. Ele concordou que realmente a competição entre os americanos faz a vida muito estressante, mas me garantiu que haviam lugares em que o ambiente de trabalho era melhor, que a competição era vista apenas como um estímulo à ciência e que Baltimore era uma cidade rica culturalmente. Eu que já tinha viajado pelos EUA sabia que haviam boas cidades, tinha gostado muito de Boston e de Nova York, mas não tinha sentido calor humano, cultura no ar. Quando ele falou isto de Baltimore e do instituto, me lembrei que havia conhecido um outro astrônomo de lá, Claus Leitherer, que havia falado a mesma coisa.

Eu havia conhecido o Claus na ilha de Creta, na Grécia, quando fui a um congresso que ele organizou em 1995. Alguns meses antes do congresso, por coincidência, eu tinha mandado meu currículo para trabalhar em um projeto com ele, mas que eu não tinha muito experiência no assunto e quase certeza de que não conseguiria. Na Grécia ficamos amigos e ele me disse que realmente não poderia me contratar porque havia candidatos mais experientes. Mas já havia passado quase dois anos desde a Grécia e como o CNPq, que pagava o meu salário de jovem-doutor no Observatório Nacional, estava em mais uma crise financeira e ameaçava cortar meu salário pela metade, decidi levar em consideração as palavras do Bob e mandei um email para o Claus perguntando se ele não sabia de nenhuma vaga no instituto do Hubble que eu pudesse me inscrever. Ele imediatemente pediu o número do meu telefone e 5 minutos depois me ligou e me contratou. Mas primeiro ele deixou bem claro que existiria muita competição, que o trabalho seria puxado, mas que se eu estivesse disposta a enfrentar que ele me contrataria por 2-3 anos. Dois meses depois, no dia 23 de abril de 1997, eu embarquei para Baltimore.

Presentinho: A imagem mais importante já tirada!

De presentinho para vocês, deixo o filme do Campo Profundo do Hubble (Deep Field) que faz sucesso no Youtube e que mostra como somos pequenos neste universo.

Com legenda em português:


obrigada pelo link mosqueteiro número 1!


(original)
http://www.youtube.com/watch?v=mcBV-cXVWFw

Thursday, April 5, 2007

Há 10 anos atrás - Parte I

Há 10 anos atrás eu tomei uma decisão muito importante na minha vida, decidi deixar o Brasil. Vou então contar os motivos da minha decisão e porque deixei meu querido Brasil, brasileiro... Ai vai um textinho que escrevi no livro, mas como é grande vou postar por partes.


Parte I
Durante o meu doutorado, depois que voltei do Alabama para o Brasil em 1994, eu tinha decidido que não mais voltaria aos EUA para trabalhar. Eu não tinha gostado do estilo de vida, do jeito competitivo americano, da cultura, etc. Mas depois de 3 anos respirando ar latino do Brasil e do Chile, conheci um astrônomo, Bob Williams, que me fez mudar de idéia.

Eu o conheci quando ele foi ao Brasil dar um palestra em homenagem aos 45 anos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) em 1996. Batemos um longo papo e fiquei admirada em saber que existiam astrônomos assim. Ele era na ocasião o diretor do Instituto do Telescópio Espacial Hubble (STScI) e deu uma palestra fascinante sobre as descobertas do Hubble. Ele mostrou as imagens profundas do universo que o Hubble acabara de tirar e contou como ele tinha decidido usar os 10% do tempo de observação com o Hubble, que como diretor ele teria direito, para observar uma única area do céu. Ele disse que ao perguntar a vários astrônomos americanos qual o projeto que eles fariam se o Hubble fosse deles, muitos disseram que apontariam para uma região vazia do céu e que deixariam o telescópio apontando por vários dias e coletando toda a luz possível.

Este tipo de projeto era um projeto de alto risco pois os resultados poderiam ser desapontadores e provavelmente não seria aprovado pela comissão que julga os projetos anualmente. Ele achou a idéia interessante e jogou na sorte, disse que muitas vezes o risco caminha ao lado das grandes descobertas. Ele arriscou e ganhou. Em 1995 o primeiro campo profundo do Hubble (Hubble Deep Field) revolucionou a astronomia mostrando pela primeira vez o universo distante com detalhes nunca visto antes.




O Hubble passou 150 órbitas apontando para uma área praticamente vazia na constelação da Ursa maior, revelando centenas de galáxias distantes e em processo de formação. Foi possível identificar objetos até 15 vezes mais fracos do que aqueles vistos em outros campos profundos obtidos com telescópios terrestres. Os objetos mais fracos identificados no HDF chegam a ser 2.5 bilhões de vezes mais fracos do que as estrelas identificadas a olho nú.

Tuesday, April 3, 2007

Ainda aprendendo o blogger

Oi pessoal,

cansei de procurar por um jeito rápido de passar os posts antigos do uol para cá. Vai ter que ser na manivela mesmo... Isto quer dizer que ao invés de escrever vou ficar perdendo tempo passando coisa de lá pra cá. Vou tentar passar um pouquinho a cada dia. Comecei pelos mais antigos... O que eu não faço por vocês, hein? kkkkkkkkkkk

Eu estava pensando em mudar de template, mas me falaram que o verde acalma os olhos, então vou deixar este aqui por enquanto.

Sunday, April 1, 2007

Inaugurando o mês de abril!


Oi pessoal,

prometo que não é piadinha de primeiro de abril! resolvi que estava na hora de sair do UOL e entrar na geração GOOGLE, mas sejam pacientes que ainda estou aprendendo como usar esta template do blogger.

E para comemorar a inauguração coloquei uma das fotos que ganhou mais votos quando eu fiz uma enquete lá na UOL sobre as fotos do Hubble mais bonitas. Quem é da comunidade de Astronomia do orkut também vai entender porque lembrei disto hoje! :-) A foto é da estrela Eta Carina que está a 8 mil anos luz de distância e que sofreu uma explosão há 150 anos atrás, mas sobreviveu. Hoje ela está envolta por uma nuvem de material que ela mesmo expeliu e é 100 vezes mais massiva que o nosso Sol. Pode ser que ela passe por mais um evento explosivo e ilumine o céu mais uma vez, mas não se sabe quando. Parece também que ela tem uma estrela companheira que não conseguimos ver porque é fraca em comparação com a gigantona.

Mudando de assunto, o único problema é que não estou sabendo como transportar todos os outros posts do uol para cá... trazer tudo manualmente vai dar muito trabalho e como não estou precisando de mais trabalho do que já tenho sugiro aos que estiverem interessados nos posts antigos que entrem no antigo endereço e passeiem por lá http://dudemello.zip.net. Mas quem sabe algum leitor espertinho não me passa uma dica boa para fazer a mudança menos dolorosa.

Quero também aproveitar para contar a mais nova do
Clube Mulher das Estrelas: a Foto Astronômica da Semana - F.A.D.S. !!!! um dos mosqueteiros lá do clube teve esta idéia outro dia e eu, em um momento de fraqueza, aceitei ... vamos tentar escolher toda semana a foto mais interessante do A.P.O.D. (Astronomy Picture of the Day) e traduzir para o português. Vamos aceitar sugestões aqui no blog, mas convencer aos mosqueteiros lá do clube não é fácil não, então a sugestão tem que ser boa mesmo!

Ah! e se vocês notaram que aí do lado tem uns anúncios, isto é culpa do Google, não sou eu que estou selecionando. Mas cada vez que alguém clicar nos anúncios (não precisa comprar NADA), cai um centavo lá no meu tesouro: onde tem meteoritos, fósseis e tudo que tiver mais de 10 milhões de anos!!!