Saturday, September 9, 2006

A SN1997D

Imagem da SN1997D (veja a setinha) que explodiu na galáxia NGC1536 que está a uns 5 milhões de anos-luz da Terra. Isto que dizer que a supernova que descobri explodiu há 5 milhões de anos atrás! Durante a explosão, as supernovas liberam mais energia do que o nosso Sol produzirá durante 10 bilhões de anos.

A descoberta da Supernova, parte III

Lá pelas 6 da manhã fui dormir como de rotina e as 11 eu já estava acordada e conversando com o Stefano. Ele pediu para ver o mapa que eu tinha e o espectro que eu tinha obtido durante a noite e disse imediamente que eu havia descoberto uma supernova nunca observada anteriormente. Eu achei meio suspeito que ele pudesse dizer isto apenas olhando para o mapa e para o espectro e perguntei se ele não tinha um catálogo. O italiano ainda de barba por fazer, olhos de quem dormiu pouco, me respondeu secamente: Eu sou o catálogo! Depois fiquei sabendo que ele era realmente o responsável por catalogar as supernovas no ESO. Bem, engoli aquela e combinei com ele que observaria a supernova novamente e ele disse que iria tentar observar a galáxia com um outro telescópio que pudesse fazer uma imagem da galáxia com a supernova. Fui correndo para a sala do computador tentar achar algum catálogo de supernova pois não estava muito convencida de que tinha eu sido a primeira a ver a explosão! Não achei nenhuma informação e comecei a admitir que talvez tivesse mesmo descoberto uma supernova. A esta altura comecei a mandar emails para o Brasil dizendo que tinha descoberto uma supernova. Depois de tanta euforia, chegou a noite e fui trabalhar. Comecei a preparar o telescópio e quando estava observando o Stefano chegou com uma imagem recém tirada em um outro telescópio menor, de 0,9m de diâmetro. Acho que foi uma das maiores emoções da minha vida - eu tinha realmente descoberto uma estrela!
Agora faltava contar para o mundo que havia mais uma supernova no céu. Escrevemos um telegrama para a União Astronômica Internacional reportando a descoberta e esperamos pela resposta no dia seguinte para saber qual seria o “nome” da dita cuja. Hoje em dia, as supernovas não recebem nomes dos descobridores, mas numeros que correspondem ao ano da descoberta e letras que correspondem à ordem da descoberta. No meu caso, eu descobri a Quarta supernova do ano de 1997, daí 1997D. Foi aí que o Observatório Nacional resolveu fazer um press release e o Jornal do Brasil me achou no Chile. Tive que contar como descobri mas foi um pouco difícil passar os detalhes para o jornalista que insistia que o D era de Duília. No final acabou saindo no título do artigo “astrônoma brasileira batiza supernova no Chile”. Outros jornais e revistas também publicaram a matéria e comecei a receber emails do mundo todo me parabenizando pela descoberta. Amigos que eu já não lembrava e desconhecidos me escreviam contando como estavam orgulhosos com a minha descoberta. Hoje a supernova 1997D é assunto de mais de 60 artigos internacionais. Costumo dizer que a descoberta da supernova renovou a minha paixão pela astronomia que, de uma certa forma, estava virando rotina na minha vida.

A Descoberta da Supernova, Parte II

Lá pela 1 da madrugada, após apontar o telescópio para a coordenada de uma das galáxias, comecei a contar estrelas identificando precisamente quem era quem no mapa do céu e no visor da buscadora[1]. A galáxia em questão, NGC1536, praticamente não aparecia no visor, pois é um objeto muito distante. Mas próximo a galáxia havia uma estrela no visor que não estava no mapa. Por triangulação calculei a posição da estrela intrusa em relação à galáxia e para minha surpresa verifique que a estrela estava superposta à galáxia! Foi aí que decidi rodar o instrumento que eu iria utilizar na observação da galáxia, um espectrógrafo[2], e centrá-lo exatamente sobre a posição do objeto estranho. Eu poderia ter deixado ter decidido a observar apenas o núcleo da galáxia sem incluir a estrela na fenda do espectrógrafo, mas curiosidade é um dos meus pontos fracos e não pude resistir.
Meu namorado na ocasião, que hoje é meu marido, veio me visitar enquanto eu aguardava o resultado. Tommy trabalhava no mesmo observatório auxiliando os radioastrônomos suecos e já tinha terminado o trabalho daquela noite quando veio me trazer um mixto-quente. Quando eu disse para ele o que estava fazendo, ele pensou que eu estivesse brincando. Mas assim que o resultado apareceu na tela, arregalamos os olhos e decidi telefonar para um outro astrônomo do observatório, Chris Lidman, para pedir a opinião dele e continuei a observar as outras galáxias. Quando o Chris chegou a mesa já estava cheia de livros do assunto e já sabíamos classificar a supernova. Ele confirmou que os dados se pareciam mesmo com os de uma supernova e sugeriu que eu conversasse com um outro astrônomo, Stefano Benetti, no dia seguinte para confirmar a descoberta e providenciar outras observações.
[1] Este telescópio não produz imagens, mas possui uma luneta de grande campo, uma buscadora, que mostra o campo a ser observado e a fenda do espectrógrafo em uma telinha de televisão.
[2] Espectrógrafo é um instrumento que decompõe a intensidade da luz como função do comprimento de onda.

A descoberta da Supernova, Parte I

Atendendo a pedidos hoje vou contar como descobri uma supernova em janeiro de 1997. Alguns meses antes da descoberta uma estudante de doutorado da USP havia me perguntado se eu saberia como identificar uma supernova em uma galáxia. Foi quando parei para pensar no assunto e lembrei de algumas fotos que tinha visto em revistas e disse que uma supernova provavelmente apareceria como uma estrela superposta à imagem da galáxia. O fato de eu ter parado para pensar sobre isto me ajudou na descoberta da supernova e a tomar a decisão certa na hora certa.
Na ocasião eu já era doutora em astronomia e bolsista do CNPq no Observatório Nacional no Rio e estava em La Silla, no Chile, observando uma amostra de galáxias. Este era o primeiro turno de observações dos astrônomos do Observatório Nacional no telescópio de 1,52m que estávamos alugando do observatório europeu, ESO. Eu era uma observadora experiente, já havia utilizado este telescópio em outras oportunidades e não necessitava de assistente noturno pois dava conta do telesópio sozinha. Eu comecei a observar assim que escureceu e seguia a lista de prioridades que eu havia feito para aquela noite. Cada vez que mudava de objeto, eu consultava o mapa da região do céu onde estava a galáxia que eu deveria observar.

Monday, September 4, 2006

Voto Polêmico

Meu amigo Tadeu me perguntou e como estamos em ano de eleições decidi revelar o meu voto. Calma, calma, não é o voto que vocês estão pensando não: votei contra manter Plutão na classe de planetas. Não dava mais para justificar a presença dele. Se ele continuasse, outros pedregulhos teriam que entrar como planetas do sistema solar. E a tendência é que o número destes objetos aumente muito daqui para frente com a tecnologia avançando como está.
O que eu não entendo é o alarde que a própria comunidade astronômica está fazendo por causa disto. Tem até abaixo assinado com nomes de astrônomos famosos. Disseram até que deveríamos manter Plutão por motivos históricos, o que eu acho o maior ABSURDO. Imagina se por motivos históricos mantivéssemos a Terra como o centro do universo. Que Copérnico não me escute (). Ciência é assim mesmo, dinâmica, cheia de mudanças e descobertas. O que eu estou gostando é que está todo mundo falando do sistema solar coisa que poucos fazem no seu dia a dia.
Prometo mudar de assunto.... ainda esta semana vou incluir o trecho do livro sobre a descoberta da minha supernova, afinal precisamos comemorar os 2mil cliques!!! AGUARDEM!!!!



Eu passando em frente ao Relógio Astronômico de Praga construído na idade Média (1410) e ainda o centro de atrações da cidade!

Monday, August 28, 2006

A favor ou contra

O rebaixamento de Plutão da categoria de planeta parece ter criado uma certa polêmica por toda parte. E você é contra ou a favor do rebaixamento de Plutão? deixe o seu comentário! Eu vou confessar que votei contra Plutão. Pensei bastante antes da decisão, mas não dava mais para manter Plutão por motivos históricos. A astronomia é baseada em fatos científicos e não históricos. Precisávamos de uma definição física de planetas e se Plutão continuasse a ser chamado de planeta, muitos outros objetos teriam que ser incluídos como planeta do sistema solar, até mesmo o satélite de Plutão, Caronte, que é quase do tamanho do próprio Plutão, mereceria ser chamado de planeta. Eu votei a favor da coerência científica! uauuuuu, falei bonito...

PLUTÃO DEIXA DE SER PLANETA


No dia 24 de agosto de 2006 tomamos uma decisão histórica, Plutão deixou de ser planeta. Calma, calma, isto não quer dizer que o objeto tenha saido do sistema solar, foi apenas uma decisão burocrática tomada pela maioria dos 2500 astrônomos que estavam na reunião da União Astronômica Internacional em Praga e que votaram a favor da definição de planeta. Vou dar a minha versão da resolução abaixo, mas o texto original escrito em inglês encontra-se no url fornecido no texto.
Resolução da União Astronômica Internacional sobre o uso do termo planeta no sistema solar

Resolução 5A

1) Um planeta é um corpo celeste1 que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para atingir equilíbrio hidrostático (quase esférico), (c) tem vizinhança limpa.
2) Um planeta anão é um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para atingir equilíbrio hidrostático (quase esférico)2, (c) não tem vizinhança limpa, (d) não é um satélite.
3) Todos os outros objetos3, com exceção dos satélites, orbitando o Sol devem ser denominados “corpos pequenos do sistema solar”.
1 Os oito planetas são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
2 A União Astronômica Internacional se encarregará de classificar os objetos nos extremos das categorias.
3 Incluindo os asteróides do sistema solar, os objetos transnetunianos, cometas e outros pequenos corpos celestes.

Resolução 6A

Plutão é um planeta anão que pertence a uma nova classe de objetos transnetunianos.

Praga, 24 de agosto de 2006.

O texto original em inglês pode ser encontrado na seguinte url:

http://www.iau2006.org/mirror/www.iau.org/iau0603/index.html

Tuesday, August 22, 2006

Praga, astronomia por toda parte!

Hoje faz uma semana que chegamos em Praga e continuo apaixonada pela cidade. O cheiro de história é forte e a astronomia está presente em toda parte! Historicamente falando, Praga sempre foi um centro de astronomia, Tycho Brahe e Kepler moraram em Praga e ontem estive na igreja aonde está o túmulo do Tycho, que emoção... Esta cidade é assim mesmo, se tropeça em história a cada esquina. Por exemplo, jantamos outro dia em uma praça aonde Franz Kakfa escreveu Metamorfose, no domingo fomos a ópera Don Giovanni de Mozart na casa de ópera de Praga, nada mais nada menos do que o teatro aonde o próprio Mozart estreiou Don Giovanni no século XVIII... fantástico...
Além deste aspecto histórico, a Reunião da União Astronômica Internacional está ótima, um verdadeiro sucesso. Planetas, estrelas, buracos negros, galáxias, são temas de vários assuntos nas salas e nos corredores do grande centro de Convenções de Praga. Somos 2 mil e quinhentos astrônomos compartilhando nossos resultados e já nos preparando para a próxima reunião em 2009, no Rio!

Saturday, August 5, 2006

Grandes descobertas do telescópio espacial Hubble

Desde 1990 quando o Hubble foi lançado o universo parece ainda mais bonito. Das inúmeras imagens já tiradas, selecionei as que a meu ver são as de maior impacto na astronomia. Claro que estou deixando de fora centenas de outras imagens, mas estas já devem dar um gostinho da potência e importância do Hubble. Vou colocar links diretos, não desanime porque os textos estão em inglês, a maioria das imagens não necessitam tradução, falam por elas mesmas. Clique e comece a sonhar, se transporte ao infinito.
Deixe o seu comentário aqui no blog dizendo qual a sua imagem favorita e se ela consta da minha seleção ou não! Boa Viagem!!


- Eta Carina, uma estrela à beira da morte http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/09/image/a

- Os detalhes do ambiente onde as estrelas nascem e como elas morrem http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1995/44/ http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/27/image/a

- A detecção de galáxias primordiais nos confins do Universo http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/52/

- As imagens profundas revelando como galáxias evoluem http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1996/01/

- Uma estimativa mais precisa da idade, tamanho, e evolução do Universo http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/07

- O acompanhamento ao vivo da colisão entre o Cometa Shoemaker-Levy e o planeta Júpiter http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1995/15/

- O monitoramento das condições meteorólogicas em outros planetas do sistema solar. http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1997/15/

- A detecção de vários discos proto-planetários ao redor de estrelas http://www.seds.org/hst/OrionProplyds.html
- A revelação de que os objetos conhecidos como quasares habitam galáxias http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/16/
- As evidências de que buracos negros supermassivos habitam núcleos de galáxias.http://csep10.phys.utk.edu/astr162/lect/active/smblack.html

Thursday, July 27, 2006

Ele tava lá!

SE VOCÊ ME DEIXOU ALGUM COMENTÁRIO, É BEM PROVÁVEL QUE EU TENHA RESPONDIDO. PROCURA POR AÍ. SE EU NÃO RESPONDI E VOCÊ GOSTARIA DE UMA RESPOSTA, PERGUNTA NOVAMENTE, OK?
Fomos ontem assistir ao filme "Air Force one" no cinema ao ar livre de Oshkosh. Foi muito legal. Tudo escuro, pipoca de graça, todo mundo sentado na grama, e de repente, flashes, holofotes, ele chegou, ele chegou. Era o Harrison Ford entrando, subindo no palco. Todo mundo se comportou, ninguém tietou muito, aí o mestre de cerimônias o apresentou e bateu um papo com ele. Foi ótimo. Além de ser o Harrison Ford que conhecemos, ele é simpático, parece ser boa pessoa, muito humano e com senso de humor afiado. Ao apresentar o filme, Air Force One (não sei o nome que deram no Brasil, se alguém souber, me deixa um comentário) ele disse que era um dos piores filmes de aviação, mas um bom drama. Realmente, ele tem razão, que dramalhão. Mas antes do filme começar ele revelou os planos de fazer um outro Indiana Jones. Parece que vai sair no próximo ano, ele já têm um script. Não vou perder!!! Tirei fotos, mas ainda não passei para o computador.
Hoje fiquei no hotel enquanto o maridão foi ver os aviões. Tinha trabalho pra fazer e decidi que um dia seria o suficiente para ficar entre os aviões. Irei amanhã cedo e tomarei uma overdose de avião. Depois eu conto como foi e coloco fotos.

Tuesday, July 25, 2006

Aviões, aviões e Harrison Ford

Nos próximos dias vou mudar um pouquinho o rumo do blog e vou mostrar um outro lado meu. Meu marido, Tommy, me convenceu a ir mais uma vez a uma cidadezinha pequenina em Wisconsin chamada Oshkosh que durante uma semana se transforma no aeroporto mais visitado do mundo. São mais ou menos 700 mil pessoas durante uma semana celebrando a aviação. É o maior show aéreo do planeta, sem dúvida. Mas já fomos 2 anos seguidos, estava querendo pular esse. Mas não deu, ele insistiu e no final comprou as passagens, fazer o quê? perdi essa. Vou ter que ir a Oshkosh mais uma vez e ficar com dor no pescoço de tanto ver avião. Tem avião de todos os tipos, tamanhos e idades. Aviões históricos e futurísticos. E para vocês terem uma idéia da importância do evento, sabe quem vai estar lá novamente? o Harrison Ford! ele é piloto e trabalha com crianças que sonham em pilotar. Ano passado ele estava lá e eu estive pertinho dele. Quando o Tommy disse que tinha comprado as passagens, pensei, hmmmm quem sabe desta vez não bato um papo com o Harrison Ford? kkkkkkk O problema de ir a Oshkosh este ano é que no ano passado foi bom demais. Vai ser difícil ser melhor. Teve show aéreo do Global Flyer que bateu o recorde de número de horas sem abastecer ao redor da Terra. Foi de lá também que o Spaceship One decolou em direção ao museu Aeroespacial de Washington. O Spaceship One foi o que ganhou o prêmio por ter saído e voltado da atmosfera terrestre no ano passado. Resumindo, só um papinho com o Harrison Ford para poder superar a emoção do ano passado? kkkkkk

Monday, July 24, 2006

Celebrando mil cliques!

Oi pessoal para comemorar os mil cliques no blog, coloco uma foto minha sorridente em frente ao campo profundo do Hubble (Hubble Deep Field). Continuem prestigiando e quem sabe o blog vira livro mesmo?


Saturday, July 22, 2006

Vida de astrônomo: como é observar?

Primeiro o astrônomo precisa obter tempo de observação em algum telescópio. Para tal é necessário enviar projetos para os diversos observatórios que possuem os instrumentos adequados à pesquisa em questão. Por exemplo, digamos que eu esteja interessada em saber porque as estrelas possuem cores distintas, e se as cores estão relacionadas com as outras propriedas físicas das estrelas, como por exemplo idade, massa, tamanho. Neste caso eu teria que observar uma amostra de estrelas de diversas cores com um instrumento que possa medir a intensidade do brilho utilizando diversos filtros de diversas cores. Neste caso eu estaria fazendo fotometria e necessitaria de uma câmera CCD (parecida com uma câmera digital acoplada ao telescópio) de boa qualidade e equipada com diversos filtros e boas condições atmosféricas durante a observação. Eu teria então que estimar quantas noites seriam necessárias para completar as observações e enviar o pedido para o observatório escolhido. Depois de julgado por uma comissão de especialistas o projeto poderia ser aprovado ou não. Caso fosse aprovado, bastaria comprar a passagem para a viagem, fazer a reserva no hotel do observatório e seguir para alguma montanha do mundo. Devo mencionar que geralmente o astrônomo vai observar com tudo pago por alguma agência de fomento à pesquisa. Os observatórios oferecem a logística necessária para o astrônomo se desligar do mundo e se concentrar nas observações. São várias noites, e em alguns casos até meses de observações e anos de preparação e análise dos dados. A vida de observador é uma vida fora da realidade, inclui dormir poucas horas, tomar café da manhã na hora do almoço e preparar o telescópio para a noite que em certas latitudes durante o inverno pode ser bem longa, chegando a mais de 13 horas consecutivas. Em alguns observatórios, o lanche da meia-noite é o high-light da noite. Astrônomos se revesam com os assistentes e colaboradores para um lanchinho que pode ser degustado no restaurante do observatório. No inverno, a esta altura o astrônomo já está observando a mais de 5 horas e um omelete quentinho tem um sabor inimaginável e recarrega as baterias para as outras 6-7 horas que vem pela frente. Em outros observatórios, o lanche da noite é preparado com antecedência pelos cozinheiros e entregue ao astrônomo antes de subir para observar ao entardecer. Hoje em dia o astrônomo passa pouco tempo na cúpula aberta onde fica o telescópio. Como tudo é computadorizado, o astrônomo, muitas vezes acompanhado de um assistente noturno, fica em uma sala de observações monitorando tudo pela tela do computador Uma sala típica de observação tem de tudo: computadores, livros, calculadoras, frutas, sanduíches, biscoitos, muito, muito café e música de fundo. Dependendo do tipo de observação o intervalo entre um objeto e outro a ser observado é relativamente grande. Muitas vezes o mesmo objeto precisa ser observado durante um longo período de tempo para que se obtenha uma boa imagem. Seria como tirar uma fotografia com o obturador da máquina aberto. A espera pode ser entediante e a internet ajuda a passar o tempo e a preparar os dados recém obtidos para a primeira análise. Mais para o fim da noite o cansaço vai batendo e a produtividade caindo. Eu combato o cansaço com música bem alta, e se estou sozinha canto e danço entre uma observação e outra. Sair caminhando pela montanha a noite é super interessante. Várias cúpulas abertas com os telescópios apontando para a escuridão da noite e muita música de fundo. Às vezes se acha algum astrônomo passeando com uma lanterninha na mão a caminho do hotel. Isto é sinal de que algo de errado aconteceu durante as observações e tiveram que fechar a cúpula. Pode ser um problema técnico ou nuvens! E nas noites nubladas o restaurante é mesmo a única opção, a não ser que alguém organize alguma reuniãozinha. Alguns observatórios tem sala de projeção para um cinema, sala de jogos, videos e televisão. A internet mantém o astrônomo, que está alienado na montanha, informado do que se passa no resto do mundo e ajuda a passar o tempo. É na montanha também que os astrônomos têm a oportunidade de conhecer outros astrônomos do mundo inteiro.



Observatório de La Silla no Chile, pertence ao European Southern Observatory (ESO), Observatório europeu austral.

Wednesday, July 19, 2006

De otorrino para oftalmologista

A carreira, continuando ... Quando chegou a hora de decidir o tema da minha tese de doutorado, mudei de orientação e me tornei astrônoma ótica. Eu estava um pouco desiludida com a radioastronomia brasileira que não conseguia investimentos para melhorar o radiotelescópio de Atibaia, grande amigo meu. Passei muitos meses em Atibaia coletando dados para a minha tese de mestrado e conhecia o radiotelescópio como poucos e sabia as suas limitações. Estava na hora de mudar e depois de um desentendimento com a minha orientadora que se negava a me mandar para os EUA a terminar o meu doutorado, comecei a primeira revolução na minha carreira mudando de área. Foi difícil e até traumático já que eu era especialista em radioastronomia. Seria mais ou menos como se eu fosse otorrinolaringologista e de repente decidisse ser oftalmologista. Meu novo orientador, Ronaldo de Souza, um mineiro muito paciente, começou a me levar para algumas viagens a Itajubá onde ele me ensinou como observar com o telescópio óptico de 1,6m do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)[1]. Fomos juntos a Atibaia também pois tínhamos um projeto que precisava de observações ópticas e de rádio das mesmas galáxias. Ele. que era oftalmologista, agora estava dando uma de otorrino e eu vice-versa. Neste meio tempo fui a uma conferência nos EUA apresentar os resultados da minha tese de mestrado e lá conheci um grupo de astrônomos da Universidade do Alabama que me convidou para estudar lá. Tranquei minha matrícula na USP e fui para os EUA onde passei 3 anos e meio na Universidade do Alabama, em Tuscaloosa. Lá fiz pesquisa, dei aulas e passei por todas as crises que muitos doutorandos passam, inclusive divórcio. Vou parar por aqui, deixo os detalhes da minha vida de estudante para um outro livro, que devo escrever quando já estiver mais velha e puder ver tudo com mais clareza e de uma distância saudável.
[1] O telescópio de 1,6m fica no Observatório do Pico do Dias em Itajubá (veja foto), MG, e entrou em funcionamento em 1981. O observatório possui tamém dois outros telescópios de 60cm, um dos quais foi adquirido da ex-Alemanha Oriental entre os anos 60/70 em troca de café e entrou em operação em 1983.

Monday, July 17, 2006

Carro velho é fogo...

Mais um dia com friozinho no estômago, mas no final deu tudo certo, ufa! finalmente o ônibus espacial, Discovery, pousou no Cabo Canaveral, Florida, sem maiores problemas. Mas cada viagem destas tem sido um sufoco na NASA. Os riscos são altos e se der algum problema na próxima viagem, vai ficar dificil ir até o Hubble para fazer manutenção... Bem, temos que aguardar o discurso do Administrador da Nasa e prestar atenção se ele menciona alguma coisa sobre a ida ao Hubble no ano que vem. Ele é fanzoca do Hubble e entende a importância do telescópio, se depender dele estaremos lá no ano que vem. E por falar em Hubble, a camera ACS que tinha dado problema no mês passado voltou a observar. Teve um problema em um dos motores, mas agora já está tudo bem, estamos usando o motor extra, como disse o meu amigo: carro velho é fogo...


Saturday, July 15, 2006

A carreira, continuando...

A carreira é longa e na minha época demorava ainda mais. Mas ainda na faculdade eu comecei a receber bolsa de estudos. Foi no último ano do curso de graduação em astronomia da UFRJ/Valongo quando fui fazer iniciação científica no Observatório Nacional (ON). Eu tinha decidido que queria ser radioastrônoma, achava super interessante a detecção e análise de sinais de rádio emitidos por corpos celestes. Mas para entrar no ON naquela época vindo do Valongo não era fácil. Os pesquisadores do ON preferiam trabalhar com alunos de física ou matemática pois achavam que era desnecessário fazer graduação em astronomia. Eu quando fiz vestibular não sabia disto e mesmo que soubesse teria optado pela astronomia pois queria mesmo estudar astronomia desde o começo. Queria ter uma boa base de física e matemática mas queria me atirar de cara na astronomia, saber porque o universo era como era o mais cedo possível. Quando me dei conta do problema da marginalização dos astrônomos do Valongo dentro da comunidade astronômica (HOJE ISSO JÁ NÃO É ASSIM) fiquei frustrada e tentei abrir as portas por todos os lados que eu pudesse. No final eu e um outro aluno do Valongo fomos falar com o diretor do ON e revelamos nosso desejo de fazer radioastronomia. Ele nos apresentou ao grupo de radioastrônomos dos quais começamos a fazer parte. Fiz um ano de iniciação científica em radioastronomia no Observatório Nacional com bolsa do CNPq e terminei a universidade. Como eu queria continuar na radioastronomia fui fazer o mestrado em SP onde estava a maioria dos radioastrônomos brasileiros. Ingressei no mestrado do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) que operava o único radiotelescópio do Brasil em Atibaia[1], SP (veja foto) Uma antena parabólica de 13,7m de diâmetro que fica dentro de uma redoma parecida com uma bola de golfe. A cúpula é transparente às ondas de rádio e protege o radiotelescópio da chuva e ventos. Muitos que não pararam para pensar no assunto, pensam que é necessário abrir a redoma para se observar. E se você não parou para pensar, aí vai uma analogia interessante: você precisa abrir a janela da casa ou carro para escutar rádio? Não! As ondas de rádio são muito maiores que a espessura das paredes e passam tranquilamente por elas. Terminei o mestrado em três anos e me mudei juntamente com a minha orientadora, Zulema Abraham, e seus outros estudantes para a USP onde comecei o doutorado.


[1] Atualmente o Rádio Observatório do Itapetinga é operado mediante convênio entre a Universidade Mackenzie e o INPE.
continua....





Redoma da antena parabólica de 13,7m do radio observatório do Itapetinga. Veja o texto para entender melhor como funciona!

Thursday, July 13, 2006

Voltei!

Oi pessoal, voltei ontem. Teve gente que acertou que aquela foto e do maior radiotelescopio do mundo (305m) que se chama Arecibo e fica em Porto Rico. Porto Rico fica no mar do Caribe, e eh territorio dos Estados Unidos. Ninguem passou as coordenadas do local, entao aih vai: latitude 18°20′36.6″N, longitude 66°45′11.1″W. Foi tambem em Arecibo que filmaram parte do filme Contato e o 007 Golden Eye. Quem nunca viu, vai alugar correndo. Contato eh um dos meus filmes favoritos.
A vida ainda estah meio corrida por aqui, depois que tudo acalmar volto a publicar trechos do livro.
Beijos

Friday, July 7, 2006

Fora do ar até quinta

Oi galera, vou ficar fora do ar por uns dias. Vou de férias para um lugar lindo que por sinal é onde fica o maior radiotelescópio do mundo, vejam a foto e me digam o nome do observatório e aonde fica geograficamente??? jah estou com saudades...



Thursday, July 6, 2006

E como é ser astrônoma

Quando eu falo que sou astrônoma, todo mundo imagina que vivo no mundo da lua, já que o estereotipo associado a figura do astrônomo é que ele é um ser noturno, tímido e que nunca sai a luz do sol. Ainda ontem quando eu estava lendo o último livro da Isabel Allende, Meu país inventado, me deparei com um parágrafo no qual ela comentava a idéia que tinha dos astrônomos. Em uma conversa dela com um chileno que havia trabalhado no observatório europeu, ESO[1], no Chile, ela mencionou que “deve ser incrível trabalhar com cientistas cujos olhos estão sempre voltados para o infinito e que não se preocupam com as mesquinharias terrestres”. Ele respondeu que era completamente o oposto e que astrônomos eram tão mesquinhos quanto os poetas. E ainda citou que eles brigam até por geléia no café da manhã. Bem, eu nunca briguei por geléia, nem gosto de geléia, e raramente tomo café da manhã, então deixa eu contar um pouquinho como é ser astrônoma.

Primeiro preciso esclarecer que nem todo astrônomo é observador, muitos são teóricos e outros não chegam a observar mas utilizam dados já obtidos por outros astrônomos. Eu sou astrônoma observacional e foi este lado da astronomia que me fascinou desde o princípio. Acho que minha vida mudou depois que eu olhei pela primeira vez por um telescópio. Foi logo no início do meu primeiro ano da universidade quando um dos alunos mais antigos apontou um dos telescópios para o planeta Saturno e convidou os calouros para uma noite de observação. Eu não pude me conter de emoção e tenho até hoje aquela imagem registrada na minha mente. Mas foram muitos anos de trabalho duro, muita física e matemática, até poder chegar ao estágio observacional.
A carreira de astrônomo é bem longa e requer bachalerado em astronomia ou física (alguns são matemáticos) e curso de pós-graduação (mestrado e doutorado). No Brasil apenas a UFRJ oferece o curso de bachalerado em astronomia que é ministrado no Observatório do Valongo e na ilha do Fundão. A USP recentemente começou a oferecer especialização em astronomia. Várias das grandes universidades oferecem o curso de mestrado e doutorado em astronomia ou astrofísica. Geralmente os cursos de pós-graduação são oferecidos pelos Institutos de Física ou de Geociências. A duração dos cursos depende muito do desempenho do aluno e atualmente as bolsas de estudos são oferecidas por 2 anos para o mestrado e 4 anos para o doutorado.
continuo depois....


EXTRA! EXTRA! ESCREVI UM LIVRO CONTANDO COMO É A VIDA DE ASTRÔNOMO(A), O VIVENDO COM AS ESTRELAS. PROCUREM ONLINE http://livraria.folha.com.br/catalogo/1023472/vivendo-com-as-estrelas

Wednesday, July 5, 2006

Meu asteróide favorito, Ida


Essa batatona ai é o meu asteróide favorito, Ida! A foto foi tirada pela sonda espacial Galileo em agosto de 93 chegando a 2400 km de distância dele e de sua lua (isso mesmo, Ida tem um satélite) chamada Dactyl. Ida mede 56x24x21 km e Dactyl mede apenas 1.2 x 1.4 x1.6 km.
Querendo ver e saber mais sobre asteroides entra aqui (em ingles)http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Asteroids&Display=Gallery


A Mulher das Estrelas INFORMA:O asteróide conhecido como 2004XP14 passou anteontem a 430 mil km de distância da Terra e, para os que não sabem de cabeça, a Lua fica a 383 mil km de distância. Ou seja, o asteróide passou longe pacas da Terra para causar qualquer alarde e a uma velocidade de 64mil km/h.O tal asteróide já é conhecido dos astrônomos e vem sendo monitorado desde que foi descoberto em 2004 pelo projeto INTEGRAL. Ele tem um diâmetro de uns 400 metros e não deve se chocar com a Terra. A órbita dele fica longe o suficiente para causar qualquer problema... Lembre-se que a lei da gravidade usa a massa dos culpados e o inverso da distância entre eles ao quadrado.

Sunday, July 2, 2006

E ser mulher cientista, ajuda ou atrapalha?

Confesso que eu nunca tinha parado para pensar no assunto antes de sair do Brasil pela primeira vez, já que no Brasil existem muitas astrônomas. Hoje em dia já estou acostumada, mas no início era difícil entrar em alguns ambientes e ser a única mulher, ou uma das poucas. Mas o que mais me chocou foi saber que ser mulher na astronomia e na maioria das outras ciências, atrapalha. Eu que sempre fui boa aluna e sempre me considerei uma das favoritas dos meus professores e professoras, me vi pela primeira vez sendo tratada ´diferente´ porque era mulher. As meninas americanas aprendem desde pequena quase tudo que aprendemos no Brasil, brincam de boneca, de pintar unhas, etc, mas aprendem também que são inferiores intelectualmente. Por exemplo, um dos preconceitos nos EUA é de que mulheres não são tão inteligentes quanto aos homes e, principalmente, que mulheres detestam matemática[1]. Tem até uma boneca Barbie que ao se apertar um botão diz, entre outras coisas, “matemática é muito difícil”. Imagine se sua filha ficar apertando o tal botão o dia inteiro, como as crianças geralmente fazem, no final do dia ela vai mesmo acreditar que matemática é difícil apesar de nem saber direito o que é matemática. Eu não sei bem de onde surgiu este preconceito, mas sei que existe. Sempre que converso com cientistas americanas elas contam casos que me chocam. Uma amiga minha astrônoma me contou que sempre que ela publica algum artigo com o primeiro nome escrito, ela recebe pareceres dos editores com um tom diferente e muito mais crítico do que quando ela publica com apenas a inicial do primeiro nome e o sobrenome. Pode ser coincidência, estatiscamente falando ela tem poucos artigos para dizer isto, mas sempre que posso menciono o caso dela para que outras astrônomas fiquem de olhos abertos.

[1] Este capítulo foi escrito antes do que aconteceu na Universidade de Harvard, EUA, em janeiro de 2005 quando o reitor, Lawrence Summers, fez um discurso dizendo que talvez haja menos mulheres na área científica e de engenharia não somente por causa do preconceito que elas sofrem mas talvez porque o cérebro das mulheres seja diferente do dos homens, ou seja um problema biológico. Ele ainda disse que as mulheres com família não parecem interessadas em trabalhar 80 horas por semana como os homens e por isto desistem da carreira. Várias mulheres que estavam na audiência durante o discurso saíram indignadas no meio da discussão. O assunto virou primeira página de jornal e o reitor já pediu desculpas em público. Eu nunca vou perdoá-lo pelo que disse, mas o agradeço por ter tocado na ferida! Espero que quando este livro estiver publicado Harvard já tenha mudado de reitor (Extra, extra, extra, o cara já foi demitido!!)

Wednesday, June 28, 2006

Astronomia? Você vai fazer isso mesmo?

Me lembro de um estudante universitário brasileiro que conheci nos EUA que um dia me perguntou porque eu havia escolhido ser astrônoma já que eu era bonitinha e até normal. Não quero entrar em detalhes sobre o rapaz, já falecido, estou apenas usando o comentário que ele fez para ilustrar o que o povo pensa dos cientistas e, pior ainda, da mulher cientista. Eu fiz astronomia porque sempre fui muito curiosa e porque decidi que queria saber mais sobre o universo e o que havia aprendido na escola não era o suficiente.


Mas quero deixar bem claro que não foi uma decisão fácil. Na época da escolha da carreira para prestar o vestibular, eu tinha apenas 16 anos e muitos achavam que eu deveria tentar outra carreira. Um professor de português do cursinho me disse que eu era inteligente e deveria fazer engenharia ou medicina, que fazer astronomia seria um desperdicioí. Fui salva pelo meu professor de história que ouviu a conversa e disse em alto em bom tom para eu fazer aquilo que gostasse, melhor ela ser uma astrônoma feliz do que uma engenheira frustrada . Obrigada, Geraldo! - Realmente suas palavras foram muito importantes (devo mencionar que o professor que português era chatíssimo e o comentário do sempre interessante professor de história teve muito mais peso).


Do lado familiar houve um pouco de pressão também, mas não suficientemente forte para me fazer desistir de ser astrônoma. Meu pai chegou a mencionar que gostaria de ter uma filha dentista, que meu irmão mais velho tinha escolhido engenharia, minha irmã arquitetura e meu outro irmão medicina. Segundo ele, só faltava uma dentista na família. Aos 16 anos tive que disapontá-lo e ao invés do céu da boca dos clientes, optei por obervar o céu de verdade! às vezes me pergunto se a pressão teria sido maior se eu fosse um dos meninos. Isto não vou saber nunca.


Minha mãe foi um pouco relutante no princípio, mas com o tempo se tornou solidária à minha escolha. Moràvamos no Rio desde 1973 e em 1979, minha mãe me levou ao observatório do Valongo (foto abaixo) para que pudéssemos saber mais sobre a carreira e eu pudesse ter certeza da escolha. Na descida da ladeira do Valongo, onde o curso de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro é ministrado, um lugar pitoresco do centro antigo do Rio de Janeiro, ela me perguntou se eu sabia como era o mercado de trabalho e como me tornaria independente sendo astrônoma. Antes de prosseguir neste assunto, devo abrir um parêntesis para falar da minha super-mãe! Uma mãe que lutou para que os seus quatro filhos fossem para universidade e para que suas filhas fossem independentes de marido (palavras dela). Ela sempre lutou para conseguir bolsa de estudos e todos n ós estudamos em colégios particulares, apesar dos problemas financeiros da família. Fechando o parêntesis e voltando ao assunto da carreira, acho que convenci a minha mãe de que fazer astronomia não era o fim do mundo quando disse para ela que no futuro eu poderia fazer um concurso e dar aula na universidade, afinal todos os professores de lá eram astrônomos. Ela que era professora primária, mas que não lecionava, ficou satisfeita com a solução e me apoiou muito desde então. Educação é mais fácil de se entender do que pesquisa. E espero que o leitor tenha uma idáia melhor do que á ser pesquisador depois que ler este livro.


Meus pais se tornaram com o tempo fãs da minha carreira e sempre acompanharam tudo que fiz. Meu pai se tornou um observador do céu e sempre me mantinha informada do que se passava na imprensa e no céu brasileiro. Minha mãe coleciona os artigos populares que escrevo para as revistas brasileiras, dando um aspecto um pouco mais humano a esta vida de livros e pesquisa que levo. Pesquisar pode ser bem solitário e `as vezes muito cansativo e até uma obsessão. O cientista tem que viver intensamente aquilo que está pesquisando, procurando soluções para os problemas encontrados. São 24 horas pensando durante os 365 dias do ano. Mesmo quando estamos de férias fica difícil desligar e temos no nosso subconsciente o que vamos fazer quando voltarmos ao trabalho. E quando não estamos fazendo nada relacionado ao trabalho dá aquele sentimento de culpa de que poderíamos estar pesquisando, criando, analisando. Casais de cientistas (meu marido também é astrônomo) são ainda mais obsessivos com a pesquisa, pois existe aquela quase-sempre compreensão mútua e enquanto um assiste televisão pois precisa se desligar um pouco do trabalho, o outro trabalha terminando o próximo artigo a ser publicado.



Observatório do Valongo, UFRJ

Friday, June 23, 2006

Capítulo 1

Capítulo 1
Prefácio

Desde pequena eu decidi que queria entender o universo e até mudá-lo, se necessário. E aos 16 anos, quando tive que optar por uma carreira, decidi que queria ser astrônoma. Hoje tenho dois títulos de mestrado, um de doutorado, dois pós-doutorados, e sou pesquisadora assistente da Nasa. Mas às vezes me questiono se teria realmente valido a pena todo o meu investimento pelo entender. Qual é o prazer de se viver em uma ilha de conhecimento sem passá-lo adiante? Foi aí que comecei a escrever este livro onde tento responder às diversas perguntas que as pessoas me fazem por este mundo afora. Nas minhas idas e vindas como astrônoma, já estive em mais de 25 países e ainda este ano devo acrescentar mais dois à minha coleção. Já morei nos EUA, no Chile e na Suécia, falo 4 idiomas, sou paulista de nascimento, carioca de coração, flamenguista, salgueirense, casada, tia de 8, tia-avó de 2 e estou em crise de meia-idade.

1. Cientista?

A primeira pergunta que me fazem quando eu digo que sou astrônoma é “O quê? cientista?” - Sim! E aí ou a pessoa vai embora correndo sem demonstrar curiosidade com medo de revelar a ignorância ou fica interessadíssima, arregala os olhos e arrisca alguma pergunta, mas geralmente relacionada à astrologia.

Fica difícil transformar em palavras o que é ser cientista. Uma vez li em uma reportagem destas cheias de estastísticas inúteis que em qualquer lugar do mundo que se peça a alguém que descreva um cientista famoso, a figura do Einstein aparece. O que não é de se estranhar, já que o Einstein foi um dos maiores cientista de todos os tempos, mas bem que ele podia ter tido um aspecto menos peculiar, não? Imagina se o Einstein tivesse cara de galã, como o Tarcísio Meira, cortasse os cabelos regularmente e se vestisse elegantemente. Será que o Tarcísio seria reconhecido pelo mundo afora como sinônimo de cientista? E se o Einstein fosse a Glória Menezes? Será que ela teria chegado lá?

Para os que nunca pararam para pensar no assunto, são poucas as mulheres cientistas e na época do Einstein éramos menos ainda. Eram poucas as exceções como a Marie Curie e sua filha, Irene Curie[1]. Ah! Teve o marido dela também, o Pierre Curie. Muitos machistas até falam que quem fez o trabalho da Marie foi o Pierre e que ela só ganhou prêmio Nobel em física em 1903 porque era casada com ele. E o tal prêmio Nobel, que é campeão em injustiça, sempre foi famoso pela discriminação contra as mulheres. A Marie Curie, também conhecida por Madame Curie, foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel. A carreira da Marie Curie é uma das mais fascinantes da história da ciência e sugerir que ela não merecia os prêmios é o maior absurdo do mundo. Desde quando marido algum faz trabalho para mulher? O contrário é muito comum, mas eu não conheço marido nenhum fazendo trabalho para a mulher e deixando que ela leve a fama. Além do mais, quando a Marie ganhou o segundo prêmio Nobel em química em 1911, o marido já nem era mais vivo, tinha morrido atropelado por um carro em 1906. Bem, mas a imagem do Einstein vai mesmo nos perseguir por um bom tempo e vamos sempre ter esta caricatura maluquete associada ao cientista.
[1] Marie Sklodowska Curie (1867-1934) nasceu na Polônia em 1867 e se mudou para a França em 1891. Ganhou o prêmio Nobel em Física pelo seu trabalho em radioatividade juntamente seu marido Pierre Curie, e o prêmio Nobel em Química quando conseguiu isolar o elemento rádio em sua forma pura. Irene Joliot-Curie (1897-1956) nasceu na França e ganhou o prêmio Nobel em Química em 1935 pelo seu trabalho em radiotividade artificial juntamente com seu marido Frederic Joliot.

Lançando os primeiros capítulos do livro

ATENÇÃO !!! ATENÇÃO!!! ATENÇÃO!!!
Estou começando hoje a lançar capítulos do LIVRO MULHER DAS ESTRELAS. Espero que vocês gostem. Estou inaugurando hoje também o blog com acentuação. E viva o Português (e não é o seu Manuel da padaria, não). Aproveito para pedir desculpas pelos inúmeros erros de português que cometo. É difícil manter a língua atualizada sem praticar... Podem reclamar e consertar o português. Agradeço desde já pela ajuda e prometo incluir o agradecimento quando o livro for lançado nas livrarias!!! Sugestões e comentários gerais também serão bem vindos. E se algo não ficou claro, perguntem! se cometi algum erro ou esqueci de algo fundamental, reclamem!! Mas sejam pacientes... visitem o blog e façam propaganda. Se conhecerem algum editor que queira apostar na Mulher das Estrelas, me avisem! quem sabe você não ganha uma aula particular da astrônoma que não é astróloga.
Se você nunca entrou nesse blog, a grande maioria do textos anteriores ao dia 23/junho não faz parte do livro. Apenas os textos em letra branca foram extraídos do livro.

Wednesday, June 21, 2006

Verão. Plêiades


Hoje o verão comecou oficialmente no hemisferio norte do nosso planeta, isso quer dizer que estou morrendo de calor aqui em Baltimore e voces com um pouquinho de frio aih no Brasil. Pouquinho porque no Brasil nao faz frio de verdade... nem os sulistas sabem o que eh frio de verdade. Me lembro de um inverno na Suecia, onde morei 3 anos, que fez -20C perto do natal. Foi um dia lindo, bem azul e tudo congelado!!! parecia um conto de fadas.
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.
Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.
Hoje o verao comecou oficialmente no hemisferio norte do nosso planeta, isso quer dizer que estou morrendo de calor aqui em Baltimore e voces com um pouquinho de frio aih no Brasil. Pouquinho porque no Brasil nao faz frio de verdade... nem os sulistas sabem o que eh frio de verdade. Me lembro de um inverno na Suecia, onde morei 3 anos, que fez -20C perto do natal. Foi um dia lindo, bem azul e tudo congelado!!! parecia um conto de fadas.
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.

Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.
Hoje o verao comecou oficialmente no hemisferio norte do nosso planeta, isso quer dizer que estou morrendo de calor aqui em Baltimore e voces com um pouquinho de frio aih no Brasil. Pouquinho porque no Brasil nao faz frio de verdade... nem os sulistas sabem o que eh frio de verdade. Me lembro de um inverno na Suecia, onde morei 3 anos, que fez -20C perto do natal. Foi um dia lindo, bem azul e tudo congelado!!! parecia um conto de fadas.
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.
Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.

Aglomerados jovens como o das pleiades também sao conhecidos como aglomerados abertos. Os aglomerados globulares pertencem a outra classe de objetos, contendo milhares de estrelas velhas.

Monday, June 19, 2006

Sobre o livro


Depois de um fim de semana otimo, voltei para contar um pouco mais daquele livro, O Mulher das Estrelas. O livro estah quase pronto, tem um pouquinho de tudo. Mas resumindo, no primeiro capitulo eu conto como me tornei astronoma, as dificuldades da mulher na ciencia e como cheguei ateh a NASA. Abordo tambem a astrologia e dou a minha opiniao sobre o tema. Em um dos capitulos eu falo um pouco de "religiao" motivada pela conversa que tive com um motorista de taxi em Baltimore, onde moro. Faco um apanhado geral da astronomia onde conto como estrelas nascem, vivem e morrem. Saio do nosso sistema solar e chego ateh os confins do universo contando um pouquinho sobre tudo. Tem tambem um capitulo dedicado ao telescopio espacial Hubble, com o qual venho trabalhando desde 1997. E, claro, conto como eh a vida do astronomo e como descobri a supernova que mudou a minha vida!!E por falar em Hubble, consertamos ou nao o telescopio? Primeiro precisamos esperar ateh a proxima viagem do onibus espacial que estah marcada para julho. Se tudo der certo, a NASA jah disse que a proxima viagem do onibus espacial serah para ir ateh o Hubble, que jah estah capengando... Apenas dois instrumentos estao funcionando e as baterias estao quase acabando... Cruzem os dedos para as baterias aguentarem mais um tempo. Foto do telescopio espacial Hubble conectado ao onibus espacial, a Terra pode ser vista na parte superior/fundo da foto e o astronauta consertando o Hubble a direita.

Gente, uma hora destas eu prometo ensinar portugues para o meu teclado, por enquanto vao me aguentando sem acentuacao, ok?

Thursday, June 15, 2006

Acordar cedo dá nisso...


Hoje acordei super cedo, bem mais cedo do que devia. Nao sei se foi devido ao dia agitado que tive, onde ateh carro compramos, ou se devido ao cheeseburguer que comi as 22h... Ainda eram 5 horas da manha quando decidi passear pela casa pois jah estava cansada de tentar dormir de novo. Foi quando resolvi olhar pela janela da sala que aponta para o leste e BAM! lah estava ela, a Estrela D'alva. Um dos astros mais brilhantes do ceu terrestre perdendo apenas para o Sol e para a Lua. Foi quando me lembrei, quantos olham para o ceu de madrugada e se dao conta de que o que estao vendo nao eh uma estrela, mas um planeta: o planeta Venus!? Abri um baita sorriso e me lembrei que os leitores da Mulher das Estrelas, se ainda nao sabiam, vao ficar sabendo que:
Vênus tem massa e tamanho semelhantes aos da Terra e por isto também é chamada de irmã da Terra. Vênus é coberta por uma camada de nuvens tão espessa que o planeta sofre de efeito estufa, chegando a temperaturas de mais de 480o C.
Um outro fato curioso sobre Vênus é a duração do dia e do ano. O planeta demora 243 dias terrestres para completar uma volta ao seu redor (1 dia) e 225 dias terrestres para completar uma volta ao redor do Sol, ou seja, um dia é mais longo do que um ano em Vênus. Vai me dizer que isso nao é interessante?
As sonda espaciais Pioneer 12 e Galileo passaram por Vênus em 1978 e em 1990. A nave soviética Venera 13 pousou no solo de Vênus em 1982 mostrando um terreno rochoso, semelhante ao basalto terrestre, e pouco convidativo. Alguém interessado em passar umas feriazinhas na estufa venusiana?? rsrsrsrsrs

E se algum dia destes voce acordar bem cedo, olhe para o leste (nao sabe aonde eh o leste??, ihhhh...tah ficando dificil.... procure pela area do ceu aonde estah clareando porque o sol nasce ao leste) e procure por uma estrela brilhante, bem branquinha (branca=alva, daih D'alva) e abra um sorriso tambem. Mas nao se decepcione se voce nao achar, pode ser que voce tenha que esperar ateh o entardecer e olhar para o oeste, na direcao do por do Sol, para abrir o sorriso, porque Venus eh "estrela" Vespertina ou Matutina.

Entao, gostaram do que aprenderam com a Mulher das Estrelas? Que os nerds e astronomos nao me venham com detalhes, por favor... lembrem-se de que a Mulher das Estrelas estah falando com o pessoal que nao sabe patavinas de astronomia, nem sabem onde eh o leste e o oeste...

1 Unidade Astronômica (UA) equivale a distância entre a Terra e o Sol = 158 milhões de km. Venus esta 0.72 UA do Sol.
O fenômeno de efeito estufa se dá quando a luz solar que entra pela atmosfera não consegue escapar.

Tuesday, June 13, 2006

Será que vai dar certo?

Faz tempo que estou adiando, mas finalmente tomei vergonha na cara e comecei o famigerado blog. Me disseram que tenho jeito de bloggeira anarquista, nem sei o que isso quer dizer, mas vamos lah, vamos tentar e ver se vai dar certo.
Nao me conhece? prazer, sou Duilia de Mello, astronoma da Nasa, criada no Rio, viajada, e em crise de meia-idade. Hoje vou escrever abobrinha, mas uma hora destas vou comecar a colocar trechos do meu livro, o tal chamado "Mulher das Estrelas". O livro eh bem simples, nao fique com medo, nao tem matematica nao..., mas se voce estiver achando que eh sobre astrologia, melhor mudar de blog rapidinho porque eu mordo, viu??? sou ASTRONOMA, viu que nao tem L e nem G??? bem, mas mesmo os amantes da astrologia podem me aguardar porque tenho um capitulo aonde conto rapidinho porque os cientistas acham que astrologia eh papo-furado. Curiosos? espero que sim!! e espero que facam muita propaganda do meu livro e os editores se entusiasmem. Gente, ateh surfistinha publica, porque serah que a Mulher das Estrelas nao consegue publicar??
Por hoje eh soh pois sei que ainda estamos todos com adrenalina alta depois daquele jogo estranho contra a Croacia. Que maluco aquele jogo, hein? eu assisti aqui nos EUA, sozinha, de camisa do Ronaldo (velha porque nao consigo achar uma do Ronaldinho pra comprar neste pais) com bandeira pendurada na janela e gritando muito!! agora eh esperar que o time se encontre e pegue ritmo.
FUIIIII

Wednesday, March 8, 2006

Atlantis, a próxima agonia!

No dia 27 de agosto, se o tempo na Flórida cooperar e se nenhum problema técnico atrapalhar, o ônibus espacial Atlantis partirá rumo à Estação Espacial Internacional levando os 6 astronautas e os painéis solares que fornecerão 1/4 da energia consumida pela estação em seu estágio final. Atlantis é um dos 3 ônibus espaciais da Nasa e uma preciosidade, pois estes veículos são os veículos de mais alta tecnologia já inventados. Este será o vigésimo sétimo vôo da Atlantis desde que ficou pronta em 1985.
Mas como sabemos, sair e entrar da atmosfera terrestre é perigoso e cada vez que um ônibus espacial parte rumo aos céus, o meu coração para um pouquinho e depois acelera um montão por vários dias. Desta vez serão 11 dias de agonia até a re-entrada na atmosfera terrestre. Vamos cruzar os dedos novamente e continuar torcendo para a Nasa se decidir a mandar uma missão de reparos até o Hubble. Nada foi decidido ainda, mas na semana passada quando estava almoçando no Instituto do Hubble em Baltimore, aonde moro e às vezes trabalho, reparei que o astronauta John Grunsfeld estava visitando o instituto (ele atualmente mora em Houston no Texas) e estava sentado na mesa com os administradores do Hubble. Quase interrompi o almoço deles para perguntar, e aí pessoal, vamos ou não vamos consertar a lataria mais valiosa do mundo, hein? Mas me segurei, afinal não dá pra brincar com isso... O John Grunsfeld já esteve em duas outras missões de manutenção do Hubble e eu já escutei ele declarar em público que sacrificaria a vida em nome do telescópio, ou seja, iria a uma próxima missão. Sei que ele está treinando para isso desde o início do ano. Só nos resta aguardar.
Se você está a procura de um herói, escreve aí no caderninho, Jonh Grunsfeld, o baixinho bigodudo é fantástico!!!