Saturday, July 15, 2006

A carreira, continuando...

A carreira é longa e na minha época demorava ainda mais. Mas ainda na faculdade eu comecei a receber bolsa de estudos. Foi no último ano do curso de graduação em astronomia da UFRJ/Valongo quando fui fazer iniciação científica no Observatório Nacional (ON). Eu tinha decidido que queria ser radioastrônoma, achava super interessante a detecção e análise de sinais de rádio emitidos por corpos celestes. Mas para entrar no ON naquela época vindo do Valongo não era fácil. Os pesquisadores do ON preferiam trabalhar com alunos de física ou matemática pois achavam que era desnecessário fazer graduação em astronomia. Eu quando fiz vestibular não sabia disto e mesmo que soubesse teria optado pela astronomia pois queria mesmo estudar astronomia desde o começo. Queria ter uma boa base de física e matemática mas queria me atirar de cara na astronomia, saber porque o universo era como era o mais cedo possível. Quando me dei conta do problema da marginalização dos astrônomos do Valongo dentro da comunidade astronômica (HOJE ISSO JÁ NÃO É ASSIM) fiquei frustrada e tentei abrir as portas por todos os lados que eu pudesse. No final eu e um outro aluno do Valongo fomos falar com o diretor do ON e revelamos nosso desejo de fazer radioastronomia. Ele nos apresentou ao grupo de radioastrônomos dos quais começamos a fazer parte. Fiz um ano de iniciação científica em radioastronomia no Observatório Nacional com bolsa do CNPq e terminei a universidade. Como eu queria continuar na radioastronomia fui fazer o mestrado em SP onde estava a maioria dos radioastrônomos brasileiros. Ingressei no mestrado do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) que operava o único radiotelescópio do Brasil em Atibaia[1], SP (veja foto) Uma antena parabólica de 13,7m de diâmetro que fica dentro de uma redoma parecida com uma bola de golfe. A cúpula é transparente às ondas de rádio e protege o radiotelescópio da chuva e ventos. Muitos que não pararam para pensar no assunto, pensam que é necessário abrir a redoma para se observar. E se você não parou para pensar, aí vai uma analogia interessante: você precisa abrir a janela da casa ou carro para escutar rádio? Não! As ondas de rádio são muito maiores que a espessura das paredes e passam tranquilamente por elas. Terminei o mestrado em três anos e me mudei juntamente com a minha orientadora, Zulema Abraham, e seus outros estudantes para a USP onde comecei o doutorado.


[1] Atualmente o Rádio Observatório do Itapetinga é operado mediante convênio entre a Universidade Mackenzie e o INPE.
continua....





Redoma da antena parabólica de 13,7m do radio observatório do Itapetinga. Veja o texto para entender melhor como funciona!

2 comments:

Unknown said...

Duília,
Você "ralou" um bocado p/ chegar onde você queria.
Mas poucas coisas na vida significa tanto quanto a realização de um sonho. (Nossa! Hoje estou poético)
Bjs,
Rey

Stephane Werner said...

- Tenho um sonho.. acho que é bem parecido com o seu.. se puder... me ajude.. por favooor !
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=49251&tid=2475621045658650839&na=3&nst=341&nid=49251-2475621045658650839-2586805774583269591

Muito obrigado...