Saturday, September 9, 2006
A SN1997D
A descoberta da Supernova, parte III
Agora faltava contar para o mundo que havia mais uma supernova no céu. Escrevemos um telegrama para a União Astronômica Internacional reportando a descoberta e esperamos pela resposta no dia seguinte para saber qual seria o “nome” da dita cuja. Hoje em dia, as supernovas não recebem nomes dos descobridores, mas numeros que correspondem ao ano da descoberta e letras que correspondem à ordem da descoberta. No meu caso, eu descobri a Quarta supernova do ano de 1997, daí 1997D. Foi aí que o Observatório Nacional resolveu fazer um press release e o Jornal do Brasil me achou no Chile. Tive que contar como descobri mas foi um pouco difícil passar os detalhes para o jornalista que insistia que o D era de Duília. No final acabou saindo no título do artigo “astrônoma brasileira batiza supernova no Chile”. Outros jornais e revistas também publicaram a matéria e comecei a receber emails do mundo todo me parabenizando pela descoberta. Amigos que eu já não lembrava e desconhecidos me escreviam contando como estavam orgulhosos com a minha descoberta. Hoje a supernova 1997D é assunto de mais de 60 artigos internacionais. Costumo dizer que a descoberta da supernova renovou a minha paixão pela astronomia que, de uma certa forma, estava virando rotina na minha vida.
A Descoberta da Supernova, Parte II
Meu namorado na ocasião, que hoje é meu marido, veio me visitar enquanto eu aguardava o resultado. Tommy trabalhava no mesmo observatório auxiliando os radioastrônomos suecos e já tinha terminado o trabalho daquela noite quando veio me trazer um mixto-quente. Quando eu disse para ele o que estava fazendo, ele pensou que eu estivesse brincando. Mas assim que o resultado apareceu na tela, arregalamos os olhos e decidi telefonar para um outro astrônomo do observatório, Chris Lidman, para pedir a opinião dele e continuei a observar as outras galáxias. Quando o Chris chegou a mesa já estava cheia de livros do assunto e já sabíamos classificar a supernova. Ele confirmou que os dados se pareciam mesmo com os de uma supernova e sugeriu que eu conversasse com um outro astrônomo, Stefano Benetti, no dia seguinte para confirmar a descoberta e providenciar outras observações.
[1] Este telescópio não produz imagens, mas possui uma luneta de grande campo, uma buscadora, que mostra o campo a ser observado e a fenda do espectrógrafo em uma telinha de televisão.
[2] Espectrógrafo é um instrumento que decompõe a intensidade da luz como função do comprimento de onda.
A descoberta da Supernova, Parte I
Na ocasião eu já era doutora em astronomia e bolsista do CNPq no Observatório Nacional no Rio e estava em La Silla, no Chile, observando uma amostra de galáxias. Este era o primeiro turno de observações dos astrônomos do Observatório Nacional no telescópio de 1,52m que estávamos alugando do observatório europeu, ESO. Eu era uma observadora experiente, já havia utilizado este telescópio em outras oportunidades e não necessitava de assistente noturno pois dava conta do telesópio sozinha. Eu comecei a observar assim que escureceu e seguia a lista de prioridades que eu havia feito para aquela noite. Cada vez que mudava de objeto, eu consultava o mapa da região do céu onde estava a galáxia que eu deveria observar.
Monday, September 4, 2006
Voto Polêmico
O que eu não entendo é o alarde que a própria comunidade astronômica está fazendo por causa disto. Tem até abaixo assinado com nomes de astrônomos famosos. Disseram até que deveríamos manter Plutão por motivos históricos, o que eu acho o maior ABSURDO. Imagina se por motivos históricos mantivéssemos a Terra como o centro do universo. Que Copérnico não me escute (). Ciência é assim mesmo, dinâmica, cheia de mudanças e descobertas. O que eu estou gostando é que está todo mundo falando do sistema solar coisa que poucos fazem no seu dia a dia.
Prometo mudar de assunto.... ainda esta semana vou incluir o trecho do livro sobre a descoberta da minha supernova, afinal precisamos comemorar os 2mil cliques!!! AGUARDEM!!!!
Eu passando em frente ao Relógio Astronômico de Praga construído na idade Média (1410) e ainda o centro de atrações da cidade!
Monday, August 28, 2006
A favor ou contra
PLUTÃO DEIXA DE SER PLANETA
Resolução da União Astronômica Internacional sobre o uso do termo planeta no sistema solar
Resolução 5A
1) Um planeta é um corpo celeste1 que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para atingir equilíbrio hidrostático (quase esférico), (c) tem vizinhança limpa.
2) Um planeta anão é um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para atingir equilíbrio hidrostático (quase esférico)2, (c) não tem vizinhança limpa, (d) não é um satélite.
3) Todos os outros objetos3, com exceção dos satélites, orbitando o Sol devem ser denominados “corpos pequenos do sistema solar”.
1 Os oito planetas são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
2 A União Astronômica Internacional se encarregará de classificar os objetos nos extremos das categorias.
3 Incluindo os asteróides do sistema solar, os objetos transnetunianos, cometas e outros pequenos corpos celestes.
Resolução 6A
Plutão é um planeta anão que pertence a uma nova classe de objetos transnetunianos.
Praga, 24 de agosto de 2006.
O texto original em inglês pode ser encontrado na seguinte url:
http://www.iau2006.org/mirror/www.iau.org/iau0603/index.html
Tuesday, August 22, 2006
Praga, astronomia por toda parte!
Além deste aspecto histórico, a Reunião da União Astronômica Internacional está ótima, um verdadeiro sucesso. Planetas, estrelas, buracos negros, galáxias, são temas de vários assuntos nas salas e nos corredores do grande centro de Convenções de Praga. Somos 2 mil e quinhentos astrônomos compartilhando nossos resultados e já nos preparando para a próxima reunião em 2009, no Rio!
Saturday, August 5, 2006
Grandes descobertas do telescópio espacial Hubble
Desde 1990 quando o Hubble foi lançado o universo parece ainda mais bonito. Das inúmeras imagens já tiradas, selecionei as que a meu ver são as de maior impacto na astronomia. Claro que estou deixando de fora centenas de outras imagens, mas estas já devem dar um gostinho da potência e importância do Hubble. Vou colocar links diretos, não desanime porque os textos estão em inglês, a maioria das imagens não necessitam tradução, falam por elas mesmas. Clique e comece a sonhar, se transporte ao infinito.
Deixe o seu comentário aqui no blog dizendo qual a sua imagem favorita e se ela consta da minha seleção ou não! Boa Viagem!!
- Eta Carina, uma estrela à beira da morte http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/09/image/a
- Os detalhes do ambiente onde as estrelas nascem e como elas morrem http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1995/44/ http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/27/image/a
- A detecção de galáxias primordiais nos confins do Universo http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/52/
- As imagens profundas revelando como galáxias evoluem http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1996/01/
- Uma estimativa mais precisa da idade, tamanho, e evolução do Universo http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2004/07
- O acompanhamento ao vivo da colisão entre o Cometa Shoemaker-Levy e o planeta Júpiter http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1995/15/
- O monitoramento das condições meteorólogicas em outros planetas do sistema solar. http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1997/15/
- A detecção de vários discos proto-planetários ao redor de estrelas http://www.seds.org/hst/OrionProplyds.html
- A revelação de que os objetos conhecidos como quasares habitam galáxias http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/1994/16/
- As evidências de que buracos negros supermassivos habitam núcleos de galáxias.http://csep10.phys.utk.edu/astr162/lect/active/smblack.html
Thursday, July 27, 2006
Ele tava lá!
Fomos ontem assistir ao filme "Air Force one" no cinema ao ar livre de Oshkosh. Foi muito legal. Tudo escuro, pipoca de graça, todo mundo sentado na grama, e de repente, flashes, holofotes, ele chegou, ele chegou. Era o Harrison Ford entrando, subindo no palco. Todo mundo se comportou, ninguém tietou muito, aí o mestre de cerimônias o apresentou e bateu um papo com ele. Foi ótimo. Além de ser o Harrison Ford que conhecemos, ele é simpático, parece ser boa pessoa, muito humano e com senso de humor afiado. Ao apresentar o filme, Air Force One (não sei o nome que deram no Brasil, se alguém souber, me deixa um comentário) ele disse que era um dos piores filmes de aviação, mas um bom drama. Realmente, ele tem razão, que dramalhão. Mas antes do filme começar ele revelou os planos de fazer um outro Indiana Jones. Parece que vai sair no próximo ano, ele já têm um script. Não vou perder!!! Tirei fotos, mas ainda não passei para o computador.
Hoje fiquei no hotel enquanto o maridão foi ver os aviões. Tinha trabalho pra fazer e decidi que um dia seria o suficiente para ficar entre os aviões. Irei amanhã cedo e tomarei uma overdose de avião. Depois eu conto como foi e coloco fotos.
Tuesday, July 25, 2006
Aviões, aviões e Harrison Ford
Monday, July 24, 2006
Celebrando mil cliques!
Saturday, July 22, 2006
Vida de astrônomo: como é observar?
Observatório de La Silla no Chile, pertence ao European Southern Observatory (ESO), Observatório europeu austral.
Wednesday, July 19, 2006
De otorrino para oftalmologista
[1] O telescópio de 1,6m fica no Observatório do Pico do Dias em Itajubá (veja foto), MG, e entrou em funcionamento em 1981. O observatório possui tamém dois outros telescópios de 60cm, um dos quais foi adquirido da ex-Alemanha Oriental entre os anos 60/70 em troca de café e entrou em operação em 1983.
Monday, July 17, 2006
Carro velho é fogo...
Saturday, July 15, 2006
A carreira, continuando...
continua....
Redoma da antena parabólica de 13,7m do radio observatório do Itapetinga. Veja o texto para entender melhor como funciona!
Thursday, July 13, 2006
Voltei!
A vida ainda estah meio corrida por aqui, depois que tudo acalmar volto a publicar trechos do livro.
Beijos
Friday, July 7, 2006
Fora do ar até quinta
Thursday, July 6, 2006
E como é ser astrônoma
Primeiro preciso esclarecer que nem todo astrônomo é observador, muitos são teóricos e outros não chegam a observar mas utilizam dados já obtidos por outros astrônomos. Eu sou astrônoma observacional e foi este lado da astronomia que me fascinou desde o princípio. Acho que minha vida mudou depois que eu olhei pela primeira vez por um telescópio. Foi logo no início do meu primeiro ano da universidade quando um dos alunos mais antigos apontou um dos telescópios para o planeta Saturno e convidou os calouros para uma noite de observação. Eu não pude me conter de emoção e tenho até hoje aquela imagem registrada na minha mente. Mas foram muitos anos de trabalho duro, muita física e matemática, até poder chegar ao estágio observacional.
A carreira de astrônomo é bem longa e requer bachalerado em astronomia ou física (alguns são matemáticos) e curso de pós-graduação (mestrado e doutorado). No Brasil apenas a UFRJ oferece o curso de bachalerado em astronomia que é ministrado no Observatório do Valongo e na ilha do Fundão. A USP recentemente começou a oferecer especialização em astronomia. Várias das grandes universidades oferecem o curso de mestrado e doutorado em astronomia ou astrofísica. Geralmente os cursos de pós-graduação são oferecidos pelos Institutos de Física ou de Geociências. A duração dos cursos depende muito do desempenho do aluno e atualmente as bolsas de estudos são oferecidas por 2 anos para o mestrado e 4 anos para o doutorado.
continuo depois....
EXTRA! EXTRA! ESCREVI UM LIVRO CONTANDO COMO É A VIDA DE ASTRÔNOMO(A), O VIVENDO COM AS ESTRELAS. PROCUREM ONLINE http://livraria.folha.com.br/catalogo/1023472/vivendo-com-as-estrelas
Wednesday, July 5, 2006
Meu asteróide favorito, Ida
Querendo ver e saber mais sobre asteroides entra aqui (em ingles)http://solarsystem.nasa.gov/planets/profile.cfm?Object=Asteroids&Display=Gallery
A Mulher das Estrelas INFORMA:O asteróide conhecido como 2004XP14 passou anteontem a 430 mil km de distância da Terra e, para os que não sabem de cabeça, a Lua fica a 383 mil km de distância. Ou seja, o asteróide passou longe pacas da Terra para causar qualquer alarde e a uma velocidade de 64mil km/h.O tal asteróide já é conhecido dos astrônomos e vem sendo monitorado desde que foi descoberto em 2004 pelo projeto INTEGRAL. Ele tem um diâmetro de uns 400 metros e não deve se chocar com a Terra. A órbita dele fica longe o suficiente para causar qualquer problema... Lembre-se que a lei da gravidade usa a massa dos culpados e o inverso da distância entre eles ao quadrado.
Sunday, July 2, 2006
E ser mulher cientista, ajuda ou atrapalha?
[1] Este capítulo foi escrito antes do que aconteceu na Universidade de Harvard, EUA, em janeiro de 2005 quando o reitor, Lawrence Summers, fez um discurso dizendo que talvez haja menos mulheres na área científica e de engenharia não somente por causa do preconceito que elas sofrem mas talvez porque o cérebro das mulheres seja diferente do dos homens, ou seja um problema biológico. Ele ainda disse que as mulheres com família não parecem interessadas em trabalhar 80 horas por semana como os homens e por isto desistem da carreira. Várias mulheres que estavam na audiência durante o discurso saíram indignadas no meio da discussão. O assunto virou primeira página de jornal e o reitor já pediu desculpas em público. Eu nunca vou perdoá-lo pelo que disse, mas o agradeço por ter tocado na ferida! Espero que quando este livro estiver publicado Harvard já tenha mudado de reitor (Extra, extra, extra, o cara já foi demitido!!)
Wednesday, June 28, 2006
Astronomia? Você vai fazer isso mesmo?
Mas quero deixar bem claro que não foi uma decisão fácil. Na época da escolha da carreira para prestar o vestibular, eu tinha apenas 16 anos e muitos achavam que eu deveria tentar outra carreira. Um professor de português do cursinho me disse que eu era inteligente e deveria fazer engenharia ou medicina, que fazer astronomia seria um desperdicioí. Fui salva pelo meu professor de história que ouviu a conversa e disse em alto em bom tom para eu fazer aquilo que gostasse, melhor ela ser uma astrônoma feliz do que uma engenheira frustrada . Obrigada, Geraldo! - Realmente suas palavras foram muito importantes (devo mencionar que o professor que português era chatíssimo e o comentário do sempre interessante professor de história teve muito mais peso).
Do lado familiar houve um pouco de pressão também, mas não suficientemente forte para me fazer desistir de ser astrônoma. Meu pai chegou a mencionar que gostaria de ter uma filha dentista, que meu irmão mais velho tinha escolhido engenharia, minha irmã arquitetura e meu outro irmão medicina. Segundo ele, só faltava uma dentista na família. Aos 16 anos tive que disapontá-lo e ao invés do céu da boca dos clientes, optei por obervar o céu de verdade! às vezes me pergunto se a pressão teria sido maior se eu fosse um dos meninos. Isto não vou saber nunca.
Minha mãe foi um pouco relutante no princípio, mas com o tempo se tornou solidária à minha escolha. Moràvamos no Rio desde 1973 e em 1979, minha mãe me levou ao observatório do Valongo (foto abaixo) para que pudéssemos saber mais sobre a carreira e eu pudesse ter certeza da escolha. Na descida da ladeira do Valongo, onde o curso de astronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro é ministrado, um lugar pitoresco do centro antigo do Rio de Janeiro, ela me perguntou se eu sabia como era o mercado de trabalho e como me tornaria independente sendo astrônoma. Antes de prosseguir neste assunto, devo abrir um parêntesis para falar da minha super-mãe! Uma mãe que lutou para que os seus quatro filhos fossem para universidade e para que suas filhas fossem independentes de marido (palavras dela). Ela sempre lutou para conseguir bolsa de estudos e todos n ós estudamos em colégios particulares, apesar dos problemas financeiros da família. Fechando o parêntesis e voltando ao assunto da carreira, acho que convenci a minha mãe de que fazer astronomia não era o fim do mundo quando disse para ela que no futuro eu poderia fazer um concurso e dar aula na universidade, afinal todos os professores de lá eram astrônomos. Ela que era professora primária, mas que não lecionava, ficou satisfeita com a solução e me apoiou muito desde então. Educação é mais fácil de se entender do que pesquisa. E espero que o leitor tenha uma idáia melhor do que á ser pesquisador depois que ler este livro.
Meus pais se tornaram com o tempo fãs da minha carreira e sempre acompanharam tudo que fiz. Meu pai se tornou um observador do céu e sempre me mantinha informada do que se passava na imprensa e no céu brasileiro. Minha mãe coleciona os artigos populares que escrevo para as revistas brasileiras, dando um aspecto um pouco mais humano a esta vida de livros e pesquisa que levo. Pesquisar pode ser bem solitário e `as vezes muito cansativo e até uma obsessão. O cientista tem que viver intensamente aquilo que está pesquisando, procurando soluções para os problemas encontrados. São 24 horas pensando durante os 365 dias do ano. Mesmo quando estamos de férias fica difícil desligar e temos no nosso subconsciente o que vamos fazer quando voltarmos ao trabalho. E quando não estamos fazendo nada relacionado ao trabalho dá aquele sentimento de culpa de que poderíamos estar pesquisando, criando, analisando. Casais de cientistas (meu marido também é astrônomo) são ainda mais obsessivos com a pesquisa, pois existe aquela quase-sempre compreensão mútua e enquanto um assiste televisão pois precisa se desligar um pouco do trabalho, o outro trabalha terminando o próximo artigo a ser publicado.
Observatório do Valongo, UFRJ
Friday, June 23, 2006
Capítulo 1
Prefácio
Desde pequena eu decidi que queria entender o universo e até mudá-lo, se necessário. E aos 16 anos, quando tive que optar por uma carreira, decidi que queria ser astrônoma. Hoje tenho dois títulos de mestrado, um de doutorado, dois pós-doutorados, e sou pesquisadora assistente da Nasa. Mas às vezes me questiono se teria realmente valido a pena todo o meu investimento pelo entender. Qual é o prazer de se viver em uma ilha de conhecimento sem passá-lo adiante? Foi aí que comecei a escrever este livro onde tento responder às diversas perguntas que as pessoas me fazem por este mundo afora. Nas minhas idas e vindas como astrônoma, já estive em mais de 25 países e ainda este ano devo acrescentar mais dois à minha coleção. Já morei nos EUA, no Chile e na Suécia, falo 4 idiomas, sou paulista de nascimento, carioca de coração, flamenguista, salgueirense, casada, tia de 8, tia-avó de 2 e estou em crise de meia-idade.
1. Cientista?
A primeira pergunta que me fazem quando eu digo que sou astrônoma é “O quê? cientista?” - Sim! E aí ou a pessoa vai embora correndo sem demonstrar curiosidade com medo de revelar a ignorância ou fica interessadíssima, arregala os olhos e arrisca alguma pergunta, mas geralmente relacionada à astrologia.
Fica difícil transformar em palavras o que é ser cientista. Uma vez li em uma reportagem destas cheias de estastísticas inúteis que em qualquer lugar do mundo que se peça a alguém que descreva um cientista famoso, a figura do Einstein aparece. O que não é de se estranhar, já que o Einstein foi um dos maiores cientista de todos os tempos, mas bem que ele podia ter tido um aspecto menos peculiar, não? Imagina se o Einstein tivesse cara de galã, como o Tarcísio Meira, cortasse os cabelos regularmente e se vestisse elegantemente. Será que o Tarcísio seria reconhecido pelo mundo afora como sinônimo de cientista? E se o Einstein fosse a Glória Menezes? Será que ela teria chegado lá?
Para os que nunca pararam para pensar no assunto, são poucas as mulheres cientistas e na época do Einstein éramos menos ainda. Eram poucas as exceções como a Marie Curie e sua filha, Irene Curie[1]. Ah! Teve o marido dela também, o Pierre Curie. Muitos machistas até falam que quem fez o trabalho da Marie foi o Pierre e que ela só ganhou prêmio Nobel em física em 1903 porque era casada com ele. E o tal prêmio Nobel, que é campeão em injustiça, sempre foi famoso pela discriminação contra as mulheres. A Marie Curie, também conhecida por Madame Curie, foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel. A carreira da Marie Curie é uma das mais fascinantes da história da ciência e sugerir que ela não merecia os prêmios é o maior absurdo do mundo. Desde quando marido algum faz trabalho para mulher? O contrário é muito comum, mas eu não conheço marido nenhum fazendo trabalho para a mulher e deixando que ela leve a fama. Além do mais, quando a Marie ganhou o segundo prêmio Nobel em química em 1911, o marido já nem era mais vivo, tinha morrido atropelado por um carro em 1906. Bem, mas a imagem do Einstein vai mesmo nos perseguir por um bom tempo e vamos sempre ter esta caricatura maluquete associada ao cientista.
[1] Marie Sklodowska Curie (1867-1934) nasceu na Polônia em 1867 e se mudou para a França em 1891. Ganhou o prêmio Nobel em Física pelo seu trabalho em radioatividade juntamente seu marido Pierre Curie, e o prêmio Nobel em Química quando conseguiu isolar o elemento rádio em sua forma pura. Irene Joliot-Curie (1897-1956) nasceu na França e ganhou o prêmio Nobel em Química em 1935 pelo seu trabalho em radiotividade artificial juntamente com seu marido Frederic Joliot.
Lançando os primeiros capítulos do livro
Estou começando hoje a lançar capítulos do LIVRO MULHER DAS ESTRELAS. Espero que vocês gostem. Estou inaugurando hoje também o blog com acentuação. E viva o Português (e não é o seu Manuel da padaria, não). Aproveito para pedir desculpas pelos inúmeros erros de português que cometo. É difícil manter a língua atualizada sem praticar... Podem reclamar e consertar o português. Agradeço desde já pela ajuda e prometo incluir o agradecimento quando o livro for lançado nas livrarias!!! Sugestões e comentários gerais também serão bem vindos. E se algo não ficou claro, perguntem! se cometi algum erro ou esqueci de algo fundamental, reclamem!! Mas sejam pacientes... visitem o blog e façam propaganda. Se conhecerem algum editor que queira apostar na Mulher das Estrelas, me avisem! quem sabe você não ganha uma aula particular da astrônoma que não é astróloga.
Se você nunca entrou nesse blog, a grande maioria do textos anteriores ao dia 23/junho não faz parte do livro. Apenas os textos em letra branca foram extraídos do livro.
Wednesday, June 21, 2006
Verão. Plêiades
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.
Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.
Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.
Hoje o verao comecou oficialmente no hemisferio norte do nosso planeta, isso quer dizer que estou morrendo de calor aqui em Baltimore e voces com um pouquinho de frio aih no Brasil. Pouquinho porque no Brasil nao faz frio de verdade... nem os sulistas sabem o que eh frio de verdade. Me lembro de um inverno na Suecia, onde morei 3 anos, que fez -20C perto do natal. Foi um dia lindo, bem azul e tudo congelado!!! parecia um conto de fadas.
Voltando ao livro, jah decidi que vou colocar pagina por pagina no blog... vou tentar organizar, mas voces vao ter que ser pacientes. Mas jah dah para voces sentirem como eh o livro pelos textos em letra branca.
Uma das leitoras, Katia, me pediu que colocasse estrelas, muitas estrelas no blog. Escolhi o aglomerado das Pleiades para iluminar a noite dela. Espero que voces gostem.
As Plêiades ficam na constelação de Touro. As sete estrelas visíveis a olho nú fazem parte de um aglomerado de 300 estrelas. As mais jovens formadas há poucos milhões de anos atrás, ainda estão embebidas na nuvem de gás progenitora.
Aglomerados jovens como o das pleiades também sao conhecidos como aglomerados abertos. Os aglomerados globulares pertencem a outra classe de objetos, contendo milhares de estrelas velhas.
Monday, June 19, 2006
Sobre o livro
Gente, uma hora destas eu prometo ensinar portugues para o meu teclado, por enquanto vao me aguentando sem acentuacao, ok?
Thursday, June 15, 2006
Acordar cedo dá nisso...
Vênus tem massa e tamanho semelhantes aos da Terra e por isto também é chamada de irmã da Terra. Vênus é coberta por uma camada de nuvens tão espessa que o planeta sofre de efeito estufa, chegando a temperaturas de mais de 480o C.
Um outro fato curioso sobre Vênus é a duração do dia e do ano. O planeta demora 243 dias terrestres para completar uma volta ao seu redor (1 dia) e 225 dias terrestres para completar uma volta ao redor do Sol, ou seja, um dia é mais longo do que um ano em Vênus. Vai me dizer que isso nao é interessante?
As sonda espaciais Pioneer 12 e Galileo passaram por Vênus em 1978 e em 1990. A nave soviética Venera 13 pousou no solo de Vênus em 1982 mostrando um terreno rochoso, semelhante ao basalto terrestre, e pouco convidativo. Alguém interessado em passar umas feriazinhas na estufa venusiana?? rsrsrsrsrs
E se algum dia destes voce acordar bem cedo, olhe para o leste (nao sabe aonde eh o leste??, ihhhh...tah ficando dificil.... procure pela area do ceu aonde estah clareando porque o sol nasce ao leste) e procure por uma estrela brilhante, bem branquinha (branca=alva, daih D'alva) e abra um sorriso tambem. Mas nao se decepcione se voce nao achar, pode ser que voce tenha que esperar ateh o entardecer e olhar para o oeste, na direcao do por do Sol, para abrir o sorriso, porque Venus eh "estrela" Vespertina ou Matutina.
Entao, gostaram do que aprenderam com a Mulher das Estrelas? Que os nerds e astronomos nao me venham com detalhes, por favor... lembrem-se de que a Mulher das Estrelas estah falando com o pessoal que nao sabe patavinas de astronomia, nem sabem onde eh o leste e o oeste...
1 Unidade Astronômica (UA) equivale a distância entre a Terra e o Sol = 158 milhões de km. Venus esta 0.72 UA do Sol.
O fenômeno de efeito estufa se dá quando a luz solar que entra pela atmosfera não consegue escapar.
Tuesday, June 13, 2006
Será que vai dar certo?
Nao me conhece? prazer, sou Duilia de Mello, astronoma da Nasa, criada no Rio, viajada, e em crise de meia-idade. Hoje vou escrever abobrinha, mas uma hora destas vou comecar a colocar trechos do meu livro, o tal chamado "Mulher das Estrelas". O livro eh bem simples, nao fique com medo, nao tem matematica nao..., mas se voce estiver achando que eh sobre astrologia, melhor mudar de blog rapidinho porque eu mordo, viu??? sou ASTRONOMA, viu que nao tem L e nem G??? bem, mas mesmo os amantes da astrologia podem me aguardar porque tenho um capitulo aonde conto rapidinho porque os cientistas acham que astrologia eh papo-furado. Curiosos? espero que sim!! e espero que facam muita propaganda do meu livro e os editores se entusiasmem. Gente, ateh surfistinha publica, porque serah que a Mulher das Estrelas nao consegue publicar??
Por hoje eh soh pois sei que ainda estamos todos com adrenalina alta depois daquele jogo estranho contra a Croacia. Que maluco aquele jogo, hein? eu assisti aqui nos EUA, sozinha, de camisa do Ronaldo (velha porque nao consigo achar uma do Ronaldinho pra comprar neste pais) com bandeira pendurada na janela e gritando muito!! agora eh esperar que o time se encontre e pegue ritmo.
FUIIIII
Wednesday, March 8, 2006
Atlantis, a próxima agonia!
Mas como sabemos, sair e entrar da atmosfera terrestre é perigoso e cada vez que um ônibus espacial parte rumo aos céus, o meu coração para um pouquinho e depois acelera um montão por vários dias. Desta vez serão 11 dias de agonia até a re-entrada na atmosfera terrestre. Vamos cruzar os dedos novamente e continuar torcendo para a Nasa se decidir a mandar uma missão de reparos até o Hubble. Nada foi decidido ainda, mas na semana passada quando estava almoçando no Instituto do Hubble em Baltimore, aonde moro e às vezes trabalho, reparei que o astronauta John Grunsfeld estava visitando o instituto (ele atualmente mora em Houston no Texas) e estava sentado na mesa com os administradores do Hubble. Quase interrompi o almoço deles para perguntar, e aí pessoal, vamos ou não vamos consertar a lataria mais valiosa do mundo, hein? Mas me segurei, afinal não dá pra brincar com isso... O John Grunsfeld já esteve em duas outras missões de manutenção do Hubble e eu já escutei ele declarar em público que sacrificaria a vida em nome do telescópio, ou seja, iria a uma próxima missão. Sei que ele está treinando para isso desde o início do ano. Só nos resta aguardar.
Se você está a procura de um herói, escreve aí no caderninho, Jonh Grunsfeld, o baixinho bigodudo é fantástico!!!